Francisco encontra os jovens sacerdotes de Roma: não se pode sair de uma crise sozinho
Salvatore Cernuzio - Roma
Na tarde desta quarta-feira, 29 de maio, o Papa Francisco se dirigiu até a periférica região portuense da capital italiana para encontrar 90 sacerdotes da Diocese de Roma com até dez anos de ordenação. Um segundo encontro, após o do dia 14 de maio, com os padres com mais de 40 anos de sacerdócio. O próximo compromisso do Pontífice, já anunciado pelo Vicariato de Roma, será no dia 11 de junho com a faixa "média" do clero romano.
Recepção da comunidade de religiosas
Francisco foi recebido pelas Irmãs Discípulas do Divino Mestre, e ao saudá-las, começou imediatamente a dialogar com as cinco religiosas, italianas e estrangeiras, que o acolheram junto com o vice-gerente da Diocese de Roma, dom Baldo Reina. Em seguida, todas as irmãs, as mais idosas na primeira fila, e as colaboradoras da estrutura, cumprimentaram o Papa e o presentearam com uma casula costurada por elas: “Dou a vocês minha bênção. Não se cansem de fazer o bem!”, disse o Santo Padre ao se despedir das religiosas.
O diálogo com os sacerdotes
Na Igreja dedicada a Jesus Divino Mestre, o Pontífice foi recebido pelos jovens padres com um forte aplauso, alguns – explicou o bispo Michele Di Tolve, delegado para o cuidado do diaconato, do clero e da vida religiosa – recém-ordenados em 2024. Francisco abriu o encontro com uma oração e a leitura do Evangelho do dia, depois “visto que nos convocou no dia da memória de São Paulo VI”, disse Di Tolve, o Papa rezou junto aos sacerdotes uma oração dedicada ao santo do dia.
Proximidade, crise, serviço, pastoral
Posteriormente, houve perguntas e respostas a portas fechadas - como em ocasiões anteriores - sobre temas principalmente pastorais. Entre eles, informa a Sala de Imprensa do Vaticano, “a experiência dos primeiros anos de sacerdócio, a feliz descoberta da fé do povo, mas também o desafio do contato e do serviço aos doentes, aos quais se deve responder com proximidade, compaixão, ternura e, por fim, as crises que se encontram na vida sacerdotal”.
Menos fofoca, mais diálogo
“De uma crise, não se sai sozinho”, disse o Papa. Com os sacerdotes, referiu-se também à Diocese de Roma, “ao seu desenvolvimento, à sua beleza, a algumas fraquezas, às quais devemos responder não com a fofoca, mas com o diálogo", e deteve-se ainda sobre o caminho sinodal em andamento, sobre o risco de reduzi-lo a um slogan em vez de vivê-lo como um modo de ser Igreja. Nesse sentido, o Papa citou novamente Paulo VI e a exortação apostólica Evangelii nuntiandi, que ainda é relevante hoje: “Uma joia que sustenta nosso trabalho pastoral".
A solidão na grande cidade, a proximidade, a paternidade, as relações difíceis, mais uma vez, foram os temas do diálogo com Francisco que, novamente, reiterou “a importância de estar perto dos idosos, como um ‘teste de proximidade’, perguntando a si mesmo: Quando estou com eles, eu os escuto?". Ao saudar os jovens sacerdotes, o Papa os convidou para a próxima celebração de Corpus Christi, programada para o domingo, 2 de junho, e agradeceu-lhes pela oração e pela franqueza do diálogo.
Di Tolve: “No centro, as crises da guerra, o pós-pandemia e as problemáticas da juventude"
“Foi um encontro muito desejado pelo Santo Padre”, explicou dom Di Tolve à margem da reunião. Os sacerdotes “perguntaram ao Papa o que significa atravessar a crise das pessoas e a crise em que eles se encontram, porque há situações difíceis” em uma época difícil, marcada pela “guerra”, pelas consequências da pandemia, pelos “jovens que estão presos a mentalidades que os desorientam”, ou até mesmo pela situação em que se encontram algumas casas em Roma onde, diz Di Tolve, “há idosos que estão no 5º, 6º ou 7º andar sem elevador e que não têm condições de se locomover”.
As quatro “proximidades"
Para o prelado, a tarde de hoje foi um bom incentivo para os padres que começaram recentemente seu ministério. De acordo com Di Tolve: “Não são apenas suficientes os anos de formação no seminário para serem treinados, se torna padre exercendo de fato o ministério”. E assim, "as perguntas de nossos sacerdotes eram precisamente a referência ao fato de se tornarem pastores no meio do povo de Deus, com as várias atribuições, com a disposição pessoal, do tempo para viver a relação com Deus, com os outros, com as necessidades do povo”. Em meio a conselhos, perguntas e sugestões, o Papa recomendou, em particular, as “quatro proximidades” a serem vividas sempre: “proximidade com Deus, proximidade com o bispo, proximidade uns com os outros em fraternidade e proximidade com o povo de Deus”.
Orações por Mianmar
Ao final, todos os padres cumprimentaram o Papa. Cada um compartilhou algumas palavras, um presente, uma piada com o Pontífice. A um sacerdote de Mianmar, país também mencionado na audiência geral, o Papa garantiu sua proximidade: “Eu sempre rezo por Mianmar e lhes envio uma bênção especial”. Por fim, Francisco também gravou uma mensagem de vídeo via smartphone para uma paróquia: “Sejam alegres... e rezem por mim!”.
Os encontros com o clero de Roma
Este foi o segundo encontro do Papa com o clero de sua diocese, dividido por tempo de ordenação. De setembro de 2023 até o início de maio, Francisco visitou diversos bairros de Roma para encontrar párocos e ouvir deles os desafios, dificuldades, mas também riquezas, gratificações e boas obras em uma Diocese que, como o Pontífice disse tantas vezes, também se tornou “território de missão” - algo que o próprio Papa repetiu em várias ocasiões - “sempre faz muito bem” a um bispo.
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