O Papa cumprimenta algumas crianças na audiência do Encontro Internacional de Corais O Papa cumprimenta algumas crianças na audiência do Encontro Internacional de Corais 

Papa aos corais: sois depositários do tesouro da arte e da beleza

O Papa Francisco recebeu na manhã deste sábado, na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de 4 mil especialistas em música sacra e litúrgica presentes no Vaticano para o IV Encontro Internacional de Corais.

Silvonei José – Vatican News

“Sois depositários dum tesouro secular de arte, beleza e espiritualidade”: foi o que disse o Papa Francisco recebendo na manhã deste sábado, na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de 4 mil especialistas em música sacra e litúrgica presentes no Vaticano para o IV Encontro Internacional de Corais. O encontro se realiza em comemoração ao aniversário de 40 anos de fundação do Coro da Diocese de Roma, fundado por monsenhor Marco Frisina, que conduziu os trabalhos do evento de três dias.

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Antes, porém, o Papa citou a espontaneidade das crianças na Sala Paulo VI, "que fala mais alto do que os melhores discursos". “Elas são assim, elas se expressam como são. Devemos cuidar das crianças porque elas são o futuro, são a esperança, mas também são o testemunho da espontaneidade, da inocência e da promessa”. E sempre por essa razão Jesus disse que queria as crianças por perto. As crianças são os privilegiados. É por isso que Jesus disse: “O Reino de Deus pertence àqueles que são como crianças”. Devemos aprender com essa espontaneidade que as crianças nos mostraram. E elas não vieram por causa dos doces - depois perceberam que havia doces - mas vieram porque gostaram de vir. Elas são assim. Não vamos nos esquecer da lição que elas nos deram hoje. 

Depois de dar as boas-vindas aos presentes e agradecer, em particular, o maestro monsenhor Marco Frisina e a Nova Opera por terem promovido esta iniciativa, o Papa disse que esse aniversário é um estímulo a prosseguir o serviço precioso que prestam em Roma e em tantas partes do mundo.

O encontro, já na sua quarta edição, reúne coros paroquiais e diocesanos, scholæ cantorum, capelas de música, maestros e músicos e os presentes vieram ao Vaticano – destacou Francisco - para aprofundar juntos o significado da música ao serviço da liturgia; “e é bom ver-vos aqui, até porque, vindos de lugares diferentes mas unidos pela fé e pela paixão musical, sois um forte sinal de unidade”, disse. Em seguida o Papa chamou a atenção para três aspetos essenciais do serviço prestado pelos coros: a harmonia, a comunhão e a alegria.

Em primeiro lugar: a harmonia. A música gera harmonia, - disse o Santo Padre - chegando a todos, consolando os que sofrem, devolvendo entusiasmo aos que estão desanimados e fazendo florescer em cada um valores maravilhosos como a beleza e a poesia, reflexo da luz harmoniosa de Deus. “De fato, a arte da música tem uma linguagem universal e imediata, que não requer traduções nem grandes explicações conceptuais. Os simples e os eruditos podem apreciá-la, compreendendo cada qual ora um aspeto e ora outro, com mais ou menos profundidade, mas todos bebendo da mesma riqueza”.

Além disso, a música educa para a escuta, a atenção e o estudo, elevando as emoções, os sentimentos e os pensamentos, conduzindo as pessoas para fora do turbilhão da pressa, do barulho, de uma visão meramente material da vida, e ajudando-as a contemplar-se melhor a si mesmas e à realidade que as rodeia.

Segundo: a comunhão. O canto coral faz-se em conjunto, não sozinho, salientou Francisco.

“E isto fala-nos também da Igreja e do mundo em que vivemos. De fato, o nosso caminhar juntos pode ser representado como a execução de um grande “concerto”, no qual cada um participa com as suas capacidades e oferece o seu contributo, tocando ou cantando a “parte” que lhe cabe e redescobrindo assim a sua singularidade enriquecida na sinfonia da comunhão”.

O Papa então salientou que num coro ou numa orquestra, todos precisam uns dos outros, e o sucesso do desempenho global é condicionado pelo empenho de cada um, pelo fato de cada elemento contribuir na sua função o melhor que pode, respeitando e ouvindo os que o rodeiam, sem protagonismos, em sintonia.

“Da mesma maneira deve acontecer na Igreja e na vida, onde cada qual é chamado a fazer bem a sua parte em benefício da inteira comunidade, para que de todo o mundo se eleve a Deus um cântico de louvor”.

Finalmente, em terceiro lugar, a alegria. “Sois depositários dum tesouro secular de arte, beleza e espiritualidade. Não permitais que a mentalidade do mundo o polua com interesses, ambições, ciúmes, divisões que, como bem sabeis, podem infiltrar-se na vida de um coro, como na de uma comunidade, tornando-os lugares não já alegres, mas tristes e pesados, acabando por os desintegrar”.

Far-vos-á bem, pelo contrário, - disse o Papa - manter elevado o teor espiritual da vossa vocação: com a oração e a meditação da Palavra de Deus, participando não só com a voz, mas também com a mente e o coração nas liturgias que animais, e vivendo dia a dia com entusiasmo os seus conteúdos, para que a vossa música seja cada vez mais uma feliz elevação do coração até Deus, que com o seu amor tudo atrai, ilumina e transforma.

O Papa concluiu agradecendo a visita e sobretudo pelo serviço à oração da Igreja e à evangelização que cada um presta. “Acompanho-vos com a minha bênção. E peço-vos por favor que, enquanto cantais, rezeis também por mim”.

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08 junho 2024, 10:30