O Papa: desejo ir a Nicéia em 2025 com Bartolomeu para o aniversário de 1700 anos do Concílio
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (28/06), no Vaticano, uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla por ocasião da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo celebrada no sábado, 29 de junho.
O Pontífice agradeceu a presença da delegação do patriarcado, agradeceu também ao patriarca Bartolomeu I e ao Santo Sínodo do Patriarcado Ecumênico por terem enviado novamente, este ano, uma delegação para participar "da Solenidade dos Santos Padroeiros da Igreja de Roma, os Apóstolos Pedro e Paulo, que testemunharam sua fé em Jesus Cristo até o martírio nesta cidade".
A sua visita nesta ocasião, bem como o envio de uma delegação minha ao Fanar na festa do Apóstolo André, irmão de Pedro, oferecem a oportunidade de experimentar a alegria do encontro fraterno e testemunhar os profundos laços que unem as Igrejas irmãs de Roma e Constantinopla, com a firme decisão de avançar juntos para o restabelecimento da unidade para a qual somente o Espírito Santo pode nos guiar, a da comunhão na legítima diversidade.
O encontro em Jerusalém entre Paulo VI e Atenágoras
O Papa recordou que "este caminho de aproximação e pacificação recebeu um novo impulso com o encontro entre o santo Papa Paulo VI e o santo Patriarca Ecumênico Atenágoras, realizado sessenta anos atrás em Jerusalém". "Depois de séculos de afastamento recíproco, esse encontro foi um sinal de grande esperança, que nunca deixa de inspirar os corações e as mentes de tantos homens e mulheres que hoje anseiam por alcançar, com a ajuda de Deus, o dia em que poderemos participar juntos do banquete eucarístico", disse ainda Francisco, recordando que dez anos atrás, em maio de 2014, Sua Santidade Bartolomeu e ele foram em peregrinação a Jerusalém, para comemorar o 50º aniversário desse evento histórico. "Foi lá, onde nosso Senhor Jesus Cristo morreu, ressuscitou dos mortos e subiu aos céus, e onde o Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos pela primeira vez, que reafirmamos nosso compromisso de continuar caminhando juntos rumo à unidade pela qual Cristo, o Senhor, pediu ao Pai, «para que todos sejam um»", disse ainda o Papa.
A amizade com Bartolomeu
Ela foi alimentada em numerosos encontros, em muitas ocasiões de colaboração concreta entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa sobre questões de grande relevância para as Igrejas e para o mundo, como o cuidado da criação, a defesa da dignidade humana e a paz.
"O diálogo entre as nossas Igrejas não comporta nenhum risco para a integridade da fé, pelo contrário, é uma exigência que surge da fidelidade ao Senhor e nos conduz a toda a verdade, através de uma troca de dons, sob a guia do Espírito Santo", sublinhou Francisco.
A seguir, o Papa encorajou o trabalho da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, "que empreendeu o estudo de delicadas questões históricas e teológicas". "Desejo que os pastores e teólogos envolvidos neste processo possam ir além das disputas puramente acadêmicas e escutem docilmente o que o Espírito Santo diz à vida da Igreja, e o que já foi objeto de estudo e acordo encontre plena recepção em nossas comunidades e locais de formação. Haverá sempre resistência a isto, em toda parte, mas temos de seguir em frente com coragem", disse o Pontífice.
Rezar pela paz na Terra Santa e territórios em guerra
"Lembrando o encontro em Jerusalém, o pensamento se volta para a dramática situação que hoje se vive na Terra Santa", frisou o Papa, recordando que como resultado da peregrinação a Jerusalém, em 8 de junho de 2014, Bartolomeu I e ele, na presença também do patriarca greco-ortodoxo de Jerusalém, Theophilos III, receberam o falecido presidente do Estado de Israel e o presidente do Estado da Palestina nos Jardins Vaticanos, para implorar a paz na Terra Santa, no Oriente Médio e em todo o mundo.
Juntos no Jubileu
O Pontífice disse ainda que "numa época em que muitos homens e mulheres são prisioneiros do medo do futuro, as nossas Igrejas têm a missão de anunciar sempre Jesus Cristo «nossa esperança», em todos os lugares e a todos".
Ficarei grato se vocês e a Igreja que representam acompanharem e apoiarem este ano de graça com suas orações, para que haja abundantes frutos espirituais. E também com sua presença: seria muito bom.
O aniversário do Primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia
A seguir, Francisco recordou que em 2025 será celebrado o aniversário de 1700 anos do Primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia. "Espero que a lembrança desse evento tão importante aumente em todos os fiéis em Cristo Senhor, a vontade de testemunhar juntos a fé e o anseio por maior comunhão", frisou o Papa, regozijando-se com o fato de o Patriarcado Ecumênico e o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos terem começado a refletir sobre como comemorar juntos esse aniversário. Francisco agradeceu a Bartolomeu I por convidá-lo a celebrar esse aniversário perto do lugar onde o Concílio de Nicéia se reuniu. "Eu gostaria de ir. É uma viagem que desejo fazer, de todo o coração", disse.
O Papa recorda o bispo Zizioulas
No final da audiência, o Papa recordou o Bispo Ioannis Zizioulas, teólogo ortodoxo, metropolita de Pérgamo, que faleceu em 2023. "Ele era irônico, mas era bom, queria muito bem a ele". Dele, o Papa recordou uma afirmação sábia. Brincando ele dizia: "Eu sei quando será o dia da plena unidade: o dia do Juízo Final. Mas, enquanto isso, vamos caminhar juntos, rezar juntos e trabalhar juntos".
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