O Papa na Indonésia. Jakarta Post: advertência também sobre democracia e direitos humanos
Vatican News
O Papa Francisco se encontra em terras indonésias desde a manhã de terça-feira (03/09) nesta sua viagem apostólica que o levará à Ásia e à Oceania até 13 de setembro, com etapas na Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura. Depois de um voo de 13 horas, o Santo Padre chegou ao Aeroporto Internacional Sukarno-Hatta, em Jacarta, às 11h19 (horário local), de onde - depois de receber as boas-vindas em nome do governo pelo Ministro dos Assuntos Religiosos – se dirigiu para a Nunciatura Apostólica para descansar pelo resto do dia. No primeiro compromisso oficial na Indonésia, o encontro com o presidente Joko Widodo, na manhã de quarta-feira, 4 de setembro, no palácio presidencial, na Praça Merdeka, a mesma praça onde se encontram a Catedral de Nossa Senhora da Assunção e a Mesquita Istiqlal, a maior do Sudeste Asiático.
A Indonésia aguardou ansiosamente a chegada de Francisco. Falando à mídia local enquanto visitava um projeto em Tasikmalaya, na província de Java Ocidental, dias atrás, o próprio presidente Jokowi confirmou a relevância do evento para todo o país. “É a visita não apenas do líder máximo da Igreja católica, mas também de uma figura proeminente reconhecida internacionalmente. No encontro de uma hora, em 4 de setembro, discutiremos questões globais”, disse ele, referindo-se expressamente também às guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza. “Na minha opinião, esses temas candentes são os mais relevantes e urgentes”, acrescentou ele. ”Entretanto, algumas questões políticas violentas e menos graves em outros países também se tornaram nossas preocupações comuns e precisam de nossa atenção". Ainda não está claro se e qual será o papel do presidente eleito Prabowo Subianto, que assumirá o cargo em algumas semanas, nessas conversas.
Diálogo inter-religioso
Joko Widodo também expressou pessoalmente seu desejo de acompanhar o Papa Francisco em 5 de setembro, durante sua tão esperada visita à Mesquita Istiqlal, onde o Pontífice - depois de percorrer o túnel da amizade que a conecta à Catedral de Nossa Senhora da Assunção - assinará com o Grão Imame Nazaruddin Umar uma declaração conjunta inspirada no documento sobre a Fraternidade Humana de Abu Dhabi. O túnel que liga a Catedral de Jacarta e a mesquita Istiqlal”, explica o presidente da Conferência episcopal, dom Antonius Subianto Bunjamin, a AsiaNews, ‘é significativo para a Indonésia como um símbolo de vida em harmonia e tolerância na aceitação das diferenças’.
Esse espírito de grande hospitalidade também é confirmado por irmã Wilma, uma missionária carmelita de Kerala que, desde 2016, vive seu ministério como formadora entre as irmãs em Kupang, na ilha de Flores, a área onde a presença católica é mais forte. “As pessoas aqui querem muito bem aos religiosos e demonstram uma hospitalidade especial para com os estrangeiros. Aprendi muitas coisas bonitas com essas pessoas que vivem a fé, pessoas simples, muito respeitosas, que vivem harmoniosamente com seus irmãos de outras religiões”.
O próprio presidente Joko Widodo disse que também queria participar da Missa que o Papa Francisco presidirá no estádio “Bung Karno” com 60 bispos, dezenas de cardeais indonésios e estrangeiros e 800 sacerdotes. Espera-se que cerca de 88 mil católicos de todo o país participem do rito, enquanto muitos outros milhares se juntarão virtualmente por meio de plataformas de mídia on-line e em celebrações eucarísticas a serem realizadas em paróquias. Como o Papa Francisco só fará uma etapa em Jacarta, outros católicos indonésios também viajarão para Dili, no Timor-Leste, onde o Papa presidirá a Eucaristia na terça-feira, 10 de setembro.
Grande atenção da mídia para a visita do Pontífice
A visita do Pontífice também está sendo observada com grande atenção pela mídia do país, e não apenas no que diz respeito à questão das boas relações entre cristãos e muçulmanos. Em um comentário publicado na segunda-feira (02/09), o Jakarta Post convida as pessoas a verem a visita do Papa também como uma oportunidade de refletir sobre a turbulência política que abalou o país nas últimas semanas. “A visita do Papa Francisco à Indonésia - escreve o diário de língua inglesa de Jacarta - não poderia vir em melhor hora, depois de um período tumultuado durante o qual o país mais uma vez se levantou contra a tentativa dos que estão no poder de enterrar a democracia. É claro que o Papa não abordará a regressão democrática pela qual a Indonésia e seu povo estão passando, nem pretende abordar os desastres ambientais e humanitários que assolam o país devido à exploração excessiva dos recursos naturais e à corrupção desenfreada. Mas sua visita diz muito sobre sua posição de apoio aos valores da democracia e dos direitos humanos, que não tem fronteiras nacionais ou religiosas”.
O editorial menciona expressamente as palavras duras de Francisco durante as recentes eleições para o Parlamento Europeu sobre o populismo e o fato de que a democracia não está bem de saúde no mundo de hoje. “Embora ele não estivesse se referindo a nenhuma região do mundo em particular”, comenta o Jakarta Post, “a democracia da Indonésia certamente tem estado doente nos últimos anos, com o establishment político esmagando a oposição popular a projetos de lei controversos considerados como fortalecedores do poder das oligarquias”.
(com AsiaNews)
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui