Igreja de São Francisco em Lucca, na Itália, durante inauguração do festival Igreja de São Francisco em Lucca, na Itália, durante inauguração do festival 

Francisco em carta a Lucca, na Itália: é preciso uma “cultura da sustentabilidade"

A carta foi dirigida ao arcebispo de Lucca, dom Paolo Giulietti, por ocasião da abertura na cidade toscana do “Festival Planeta Terra”, dedicado este ano às “comunidades naturais”. O Papa renovou o convite a um compromisso de todos com a proteção da criação.

Maria Milvia Morciano - Vatican News

“O compromisso corresponsável de todos é mais necessário do que nunca para suscitar atitudes éticas destinadas a respeitar e proteger a criação, dom incomparável de Deus, para que seja um lugar que possa ser habitado por todos”. Foi o que escreveu o Papa a dom Paolo Giulietti, arcebispo da cidade italiana de Lucca, em uma carta que foi lida na última quinta-feira (03/10), na abertura do “Festival Planeta Terra”. A iniciativa terminou no domingo (06/10) na cidade toscana, em cujo território Francisco espera que o evento promova “a cultura da sustentabilidade”. O Papa concluiu recordando, na véspera da sua festa litúrgica de São Francisco de Assis, “um modelo para aqueles que se aproximam da natureza e do meio ambiente com a maravilha do simples e a linguagem da fraternidade”.

O valor da comunidade e da cooperação

Foi justamente a Igreja em Lucca dedicada ao Pobrezinho que serviu de pano de fundo para a cerimônia de inauguração do festival, agora em sua quarta edição, dirigido por Stefano Mancuso com a ideia, o projeto e a organização da Editoria Laterza, em colaboração com a Fundação Cassa di Risparmio di Lucca. O evento foi realizado em alguns dos lugares mais encantadores de Lucca: além da Igreja de São Francisco, o Palazzo Ducale, o Jardim Botânico e, pela primeira vez, a Casa del Boia. Os encontros, diálogos, palestras e espetáculos desta edição foram animados com o tema “Comunidades Naturais”, destacando um aspecto fundamental que está muito próximo do coração do Papa Francisco, como demonstrado pela sua Fratelli tutti: a cooperação, que - lê-se em uma nota dos organizadores - é a força pela qual a vida prospera, a verdadeira força motriz que decide o destino dos seres vivos.

Como e por que as espécies vivas formam comunidades? Que princípio as rege? “Desafiando o senso comum que vê a competição como a força motriz de uma comunidade para lidar com a escassez de recursos disponíveis”, observa o diretor do Festival, Stefano Mancuso, ”é o apoio mútuo o sistema mais eficiente para garantir a sobrevivência de todos. Se pensarmos em termos de espécies, o apoio mútuo é uma opção natural, mesmo antes de se tornar uma escolha moral”.

Quatro dias de eventos

Durante os quatro dias do festival, foram realizados mais de 90 eventos com a participação de cientistas, antropólogos, filósofos, economistas, escritores, artistas e inovadores. Personalidades proeminentes se revezaram - Roberta De Monticelli, Dario Fabbri, Vittorio Gallese, Vittorio Lingiardi, Daniela Silvia Pace, Telmo Pievani, Gaia Vince, Alice Rohrwacher - e discutiram como as espécies de plantas e animais constroem comunidades, simbiose, alianças entre espécies, as complexidades específicas das comunidades humanas e as características de cada espécie, além de biodiversidade, sustentabilidade, políticas alimentares, paisagens e fenômenos extremos, o Mediterrâneo e muito mais. O objetivo é observar e aprender como cada indivíduo cria alianças com outros de sua espécie e com outras espécies, vivenciando aquele pequeno milagre que se torna realidade quando espécies diferentes, aprendendo a conviver, formam uma relação.

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07 outubro 2024, 09:17