Missa solene na festa de Santa Luzia em Siracusa, na Sicília, sul da Itália, em 13 de dezembro de 2024 (Vatican Media) Missa solene na festa de Santa Luzia em Siracusa, na Sicília, sul da Itália, em 13 de dezembro de 2024 (Vatican Media)

O Papa: Santa Luzia vem até vós para que sejais filhos de um Deus que se faz encontro

"Luzia é uma mulher e sua santidade indica a vossa Igreja e a todas as Igrejas como as mulheres têm suas próprias maneiras de seguir o Senhor". "Precisamos do trabalho e da palavra das mulheres em uma Igreja em saída, que seja fermento e luz na cultura e na convivência": são palavras de Francisco numa carta ao arcebispo de Siracusa, este 13 de dezembro, por ocasião do traslado temporário do corpo de Santa Luzia de Veneza, onde é conservado, para a cidade siciliana, terra natal da virgem e mártir

Raimundo de Lima – Vatican News

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“Deus é luz e nele não há trevas” (1Jo 1,5). No dia da festa da vossa Padroeira, escrevo a ti, querido Irmão, e a toda a comunidade arquidiocesana, para que essas palavras de salvação orientem também hoje o vosso caminho e renovem, no espírito do Evangelho, os vínculos familiares, eclesiais e sociais de que é feita a vossa bela cidade: com essas palavras, o Pontífice dirige-se ao arcebispo de Siracusa, dom Francesco Lomanto, e a toda a comunidade local, numa carta datada este 13 de dezembro, em que a Igreja celebra Santa Luzia. A Igreja em Siracusa, terra natal da Santa, virgem e mártir, está celebrando o Ano dedicado a Santa Luzia.

Deus sempre dá o primeiro passo

Francisco recorda que o mês de dezembro culminará, este ano, com o início do Jubileu que nos quer como “Peregrinos da Esperança”, mas é marcado para vós, ressalta o Papa, por outra peregrinação, a de Santa Luzia, de Veneza a Siracusa, ou seja, da cidade que conserva seu corpo por oito séculos à cidade onde seu testemunho brilhou pela primeira vez, espalhando luz pelo mundo.

Em seu movimento em direção a vós, continua o Papa, “reflete-se o mistério de um Deus que sempre dá o primeiro passo, que nunca pede o que Ele mesmo não está disposto a fazer. Santa Luzia vem até vós, para que vós mesmo sejais homens e mulheres do primeiro passo, filhas e filhos de um Deus que se faz encontro”.

Missa solene na festa de Santa Luzia em Siracusa, na Sicília, sul da Itália, em 13 de dezembro de 2024 (Vatican Media)
Missa solene na festa de Santa Luzia em Siracusa, na Sicília, sul da Itália, em 13 de dezembro de 2024 (Vatican Media)

O papel imprescindível das mulheres numa Igreja em saída

A comunhão entre duas Igrejas particulares, que tornou possível esse movimento temporário, aponta, por sua vez, para uma maneira de habitar o mundo que pode superar a escuridão que nos cerca: “há luz onde os dons são trocados, onde o tesouro de um é riqueza para o outro. A mentira que destrói a fraternidade e devasta a criação sugere, em vez disso, o oposto: que o outro é um antagonista e que sua fortuna é uma ameaça. Com muita frequência, os seres humanos se veem dessa forma”, observa o Pontífice.

Francisco acrescenta que Santa Luzia é uma mulher e “sua santidade indica a vossa Igreja e a todas as Igrejas como as mulheres têm suas próprias maneiras de seguir o Senhor”. “Precisamos do trabalho e da palavra das mulheres em uma Igreja em saída, que seja fermento e luz na cultura e na convivência”.

Vossa festa Inclua os migrantes, os refugiados, os pobres

Francisco evidencia que essa necessidade se faz ainda maior “no coração do Mediterrâneo, berço da civilização e do humanismo, tragicamente no centro de injustiças e desequilíbrios” que, desde minha primeira viagem apostólica, a Lampedusa, sugeri transformar de uma cultura de desperdício em uma cultura de encontro”. O martírio de Santa Luzia nos educa para o choro, a compaixão e a ternura: “são virtudes confirmadas pelas Lágrimas de Nossa Senhora em Siracusa. São virtudes que não são apenas cristãs, mas também políticas”, observa.

O Santo Padre conclui sua missiva exortando a Igreja em Siracusa a não se esquecer de trazer espiritualmente para sua festa as irmãs e os irmãos do mundo inteiro que sofrem por causa da perseguição e da injustiça. “Inclua os migrantes, os refugiados, os pobres que estão convosco. E, por favor - pede por fim Francisco -, lembrai-vos de orar por mim também. Que a intercessão de Santa Luzia e de Nossa Senhora das Lágrimas acompanhe o vosso povo, ao qual concedo com afeto a minha Bênção Apostólica”.

Missa solene na festa de Santa Luzia em Siracusa, na Sicília, sul da Itália, em 13 de dezembro de 2024 (Vatican Media)
Missa solene na festa de Santa Luzia em Siracusa, na Sicília, sul da Itália, em 13 de dezembro de 2024 (Vatican Media)

Celebrações conclusivas do Ano dedicado a Santa Luzia

No âmbito das celebrações do Ano dedicado à Santa, virgem e mártir, às 10h30 locais foi celebrada esta sexta-feira em Siracusa a Missa solene presidida pelo arcebispo Francesco Lomanto em memória de Santa, padroeira da cidade, e nos dias conclusivos deste Ano celebrativo, proclamado para marcar o 1700º aniversário do martírio da santa de Siracusa (304). Às 15h30, a tradicional procissão com as relíquias e a imagem de Santa Luzia pelas ruas da cidade. No sábado, 14 de dezembro, o traslado do corpo de Santa Luzia de Veneza para Siracusa, para o Santuário de Nossa Senhora das Lágrimas, onde, às 16h, dom Francesco Moraglia, patriarca de Veneza, preside a celebração eucarística. O corpo da santa será então transferido para o Santuário de Santa Luzia. No dia 26 de dezembro, deixará Siracusa para fazer etapa pelas localidades de Carlentini, Belpasso, Acicatena e Catania. Em 30 de dezembro, os restos mortais da Santa partirão de volta para Veneza.

Missa solene na festa de Santa Luzia em Siracusa, na Sicília, sul da Itália, em 13 de dezembro de 2024 (Vatican Media)
Missa solene na festa de Santa Luzia em Siracusa, na Sicília, sul da Itália, em 13 de dezembro de 2024 (Vatican Media)

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13 dezembro 2024, 11:07