Entrevista: reconhecimento da mulher na Igreja deve ser real, não poético
Cidade do Vaticano –
“A mulher, pilar da edificação da Igreja e da sociedade na América Latina”: foi o tema escolhido pelo Papa Francisco para a Assembleia Plenária da Pontifícia Comissão para a América Latina”, que se encerra esta sexta-feira (09/03), no Vaticano.
Já que todos os membros e conselheiros da CAL são cardeais e bispos, desta vez – em caráter excepcional – foi convidado para a Plenária um grupo restrito de personalidades femininas provenientes da América Latina, com diferentes cargos de responsabilidade sociais e eclesiais. Neste grupo, estava a professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Rosana Manzini, que leciona disciplinas de Teologia Moral.
Em entrevista à colega Patricia Ynestroza, Rosana Manzini faz um balanço da Plenária e fala dos desafios da mulher na Igreja e na sociedade:
“O que é muito interessante e que está nos causando uma agradabilíssima surpresa é que percebemos que este encontro nós sentimos um movimento do Espírito. São relatos das mulheres nas diversas condições de toda a América Latina e a corresponsabilidade seja dos homens, clérigos ou não, nesta situação, neste posicionamento solidário para que a mulher possa continuar sendo solidária onde ela está.”
O tema da Plenária é a mulher como pilar na edificação da sociedade e da Igreja. Quais são os desafios, as mudanças que se enfrentam agora?
“Na Igreja, eu acredito que seja necessário um reconhecimento da mulher, um reconhecimento real e não um reconhecimento poético, ‘que a mulher é boa ou importante’, mas um reconhecimento em que a mulher participe de forma mais ativa na gestão eclesial. Quanto à sociedade, nós devemos ir ocupando os lugares devido. Já houve na América Latina, em vários países, mulheres que chegaram à presidência da República ou a diversos organismos de decisão e legislação dos países, mas devemos ocupar mais. O olhar da mulher, seja para a Igreja, seja para a sociedade é diferente. A mulher tem um olhar pelo seu próprio modo de ser, ela vê não só além, mas de forma diferente a realidade. Consequentemente, vai propor algo diferente .
Que trabalho você faz com as mulheres?
Eu sou professora de Teologia. Trabalho no apoio às mulheres que têm a coragem de entrar neste mundo teológico. Ajudá-las a enfrentar os inúmeros obstáculos, porque é um curso praticamente destinado aos seminaristas, apesar dos cursos noturnos serem para leigos. Mesmo assim, depois que se conclui o curso, a inserção para ser professora não é fácil. Trabalho também com moças de outros cursos, sendo uma presença mostrando uma realidade espiritual muito importante que não pode ser abdicada.
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