Pontifícia Comissão para a América Latina pede Sínodo sobre as mulheres
Cidade do Vaticano
De 6 a 9 de março realizou-se no Vaticano a Assembleia Plenária anual da Pontifícia Comissão para a América Latina (Cal), sobre o tema: "A mulher, pilar da edificação da Igreja e da sociedade na América Latina".
Um argumento escolhido pelo próprio Papa Francisco que, nesta ocasião, desejou que 15 personalidades femininas latino-americanas fossem convidadas, além dos vinte e dois cardeais e bispos membros e conselheiros da Assembleia.
Um plenário composto de olhares e vozes muito diferentes, mas complementares, para refletir sobre como o papel e a tarefa das mulheres latino-americanas mudaram ao longo da história da Igreja.
O trabalho se deu em uma atmosfera de grande comunhão e liberdade, que também permitiu experimentar o encontro entre dezessete cardeais, sete bispos, oito leigas e seis consagradas.
Uma escolha que, segundo o secretário da Cal, Guzmán Carriquiry Lecour, "ajuda a rejeitar as leituras simplificadas e simplistas da realidade para reconhecer a complexidade e se medir com ela".
O documento final com o qual a Pontifícia Comissão para a América Latina resumiu os frutos dos quatro dias de trabalho, reflete fielmente as reflexões dos participantes. Em paralelo, também fornece algumas recomendações pastorais, das quais o L'Osservatore Romano publicou o seguinte texto italiano, e do qual transcrevemos algumas partes.
"Esta Pontifícia Comissão para a América Latina não pretende projetar seus próprios programas e as próprias exigências à Igreja universal, no entanto, coloca-se seriamente a questão de um Sínodo da Igreja universal sobre o tema das mulheres na vida e missão da Igreja. É o que propõe, em síntese, a Pontifícia Comissão para a América Latina (Cal) no documento final da sua Assembleia Plenária, realizada no Vaticano de 6 a 9 de março, sobre o tema "A mulher, um pilar na edificação da Igreja e da sociedade na América Latina."
"A mudança epocal em que estamos imersos e que exige da parte da Igreja um renascimento de seu dinamismo missionário - Evangelii gaudium! - exige uma mudança de mentalidade e um processo de transformação análogo ao que o Papa Francisco conseguiu concretizar com as Assembleias do Sínodo sobre a família - que levou à Exortação Apostólica Amoris laetitia - e que agora se propõe com a próxima Assembleia sinodal sobre os jovens", lê-se no documento, publicado pelo L’Osservatore Romano.
"A Igreja Católica, seguindo o exemplo de Jesus, deve ser muito livre de preconceitos, dos estereótipos e das discriminação sofridas pela mulher – defende a Cal. As comunidades cristãs devem realizar uma séria revisão de vida para uma "conversão pastoral", capaz de pedir perdão por todas as situações em que foram e ainda são cúmplices de atentados à sua dignidade”.
“A abertura às mulheres deve proceder da nossa visão de fé e da conversão, que olha para o futuro com esperança, a partir do Evangelho de Jesus, que demonstrou "liberdade", respeito e uma extraordinária capacidade de reavivar a chama do amor e da doação pessoal em muitas mulheres que ele encontrou em sua vida pública."
"Tenhamos além disso, as Igrejas locais, a liberdade e a coragem evangélica para denunciar todas as formas de discriminação e opressão, violência e exploração sofridas pelas mulheres em diversas situações, e para introduzir o tema da sua dignidade, participação e contribuição na luta pela justiça e a fraternidade, dimensão essencial de evangelização", acrescenta o documento.
"As Instituições católicas de ensino superior são convidadas, e em particular as faculdades de teologia e de filosofia, a continuar no aprofundamento de uma teologia da mulher, à luz da Tradição e do Magistério da Igreja, de renovadas reflexões teológicas sobre a Trindade e Igreja, do desenvolvimento das ciências e de maneira particular da antropologia, bem como as atuais realidades culturais dos movimentos e das aspirações das mulheres", defende a Cal.
"Que se promova em todas as Igrejas locais e através das Conferências Episcopais, um diálogo franco e aberto entre pastores e mulheres engajadas em diferentes níveis de responsabilidade (das dirigentes políticas empreendedoras e sindicais, até às lideranças de movimentos populares e comunidades indígenas)", conclui o documento.
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