Editorial: Construir um futuro de paz
Silvonei José – Cidade do Vaticano
Aperto de mão, sorrisos, uma declaração conjunta. Donald Trump e Kim Jong-un, respectivamente presidente dos Estados Unidos e presidente da Coreia do Norte arquivaram nesta semana nos livros da memória um momento tão esperado, o encontro de Singapura, definido como "histórico" pelo dois líderes. Analistas e especialistas, no entanto, lutam para compartilhar o entusiasmo e esperam ações concretas.
De fato na terça-feira (12/02) na ilha de Sentosa, em Singapura, os dois presidentes apertaram as mãos em frente às bandeiras dos dois países, após meses de altos e baixos em suas relações diplomáticas.
As expectativas eram grandes de ambas as partes. Para o presidente EUA: “Faremos um grande trabalho juntos”. O líder coreano: “Superamos todos os obstáculos para chegar até aqui”.
Pontos principais
No final do encontro a apresentação dos pontos principais do documento assinado: além da desnuclearização da península coreana o compromisso de estabelecer novas relações bilaterais que correspondam adequadamente ao desejo de ambos os povos de paz e de prosperidade”; o esforço comum “para construir um estável e duradouro regime de paz na península coreana”; “compromisso em recuperar os restos mortais dos soldados estadunidenses declarados “Mission in action” (MIA) durante a Guerra da Coreia, e o imediato repatriamento dos restos mortais dos que já foram identificados.
No acordo o presidente estadunidense Donald Trump, se comprometeu em proporcionar “garantias de segurança” para a Coreia do Norte.
O documento também estabelece que o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, irá se reunir “no mais breve tempo possível, com um alto funcionário norte-coreano para continuar o diálogo bilateral sobre a desnuclearização”.
Igreja coreana em oração
Paralelo ao encontro de Singapura a Igreja Coreana promoveu uma novena de oração pela paz e uma conferência pela reconciliação e a unidade das duas Coreias. Desse modo a Igreja Católica viveu esta página da sua história.
Os bispos católicos da Coreia lançaram uma novena de 17 a 25 de junho indicando para cada dia uma intenção de oração: para a cura da separação do povo coreano; para as famílias separadas por causa da guerra coreana; para os irmãos que vivem no Norte; para os refugiados originários do Norte que vivem no Sul; para os políticos do Sul e do Norte; para a evangelização do Norte; para a promoção dos intercâmbios entre o Sul e o Norte; para a verdadeira reconciliação entre o Sul e o Norte e para a reunificação pacífica entre o Sul e o Norte.
Sem dúvida um evento histórico, inimaginável até poucos meses atrás. Um encontro de paz pelo qual a Igreja coreana rezou incessantemente.
Nesta semana o núncio apostólico em Seul, arcebispo Alfred Xuereb, conversando com Vatican News fez uma avaliação deste dia histórico afirmando com quanta “apreensão o povo coreano e a Igreja na Coreia vivem esses momentos verdadeiramente históricos”. Foi escrita – disse - uma página muito importante que marca o início de um caminho ainda longo e árduo, “mas temos esperanças, porque o começo foi muito positivo, muito bom”.
Mudança de atitude
Das palavras fortes, como "fogo e fúria", "devastação completa" da Coreia do Norte, a palavras de distensão, que falam de paz, de relacionamentos baseados em concórdia, cheias de esperança e confiança.
O Papa Francisco já no último domingo (10/06), durante o Angelus na Praça São Pedro disse esperar que a cúpula entre Kim Jong-un e Donald Trump contribuísse para a paz na península coreana e em todo o mundo.
O Pontífice, que visitou a Coreia do Sul em agosto de 2014, enviou diversas mensagens por ocasião das diferentes reuniões e gestos realizados em vistas da pacificação da península.
Recordamos que as duas Coreias estão separadas desde agosto de 1945, quando Estados Unidos e União Soviética concordaram em dividir o país no 38º paralelo: os estadunidenses ocupariam a parte sul, os soviéticos, a parte norte. Mesmo tendo sido feitas várias tentativas para levar à reunificação, a divisão se perpetuou e hoje, a fronteira é uma das mais hostis e pesadamente militarizadas do mundo. E o povo continua dividido em dois.
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