Mensagem de Pio XII antes da Sacrosanctum Concilium
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar hoje sobre a Mensagem de Pio XII antes da Sacrosanctum Concilium.
Temos repassado em nossos últimos programas deste nosso espaço, a história do Movimento Litúrgico – anterior ao Concílio Vaticano II – que culminou com a Constituição Sacrosanctum Concilium, aprovada por 2.147 padres conciliares, e promulgada pelo Papa Paulo VI em 4 de dezembro de 1963.
No programa passado, falamos do Encontro Internacional de Liturgia realizado em Assis em 1956. No programa de hoje, padre Gerson Schmidt – que tem nos acompanhado neste percurso de exposição sobre os documentos do Concílio - nos traz uma reflexão sobre a mensagem do Papa Pio XII antes da Sacrosanctum Concilium:
“O movimento litúrgico que deu origem a Sacrosanctum Concilium, antes do Concilio Vaticano II, foi significativo. Em 1956 - nove anos antes do Concilio – aconteceu o primeiro congresso internacional de pastoral litúrgica, celebrado em Assis, num verdadeiro encontro de especialistas e troca de experiências que teve sua culminância na reforma litúrgica do Vaticano II.
O Papa Pio XII enviou sua mensagem que recordamos pontos já na oportunidade anterior. Hoje continuamos ainda a fazer essa memória muito significativa, para entender assim também as ideias fervilhantes que culminaram na Sacrosanctum Concilium.
Sobre a questão da adoração ao Santíssimo durante a missa, lembrou Pio XII algumas definições do magistério da Igreja: “Uma decisão da Sagrada Congregação dos Ritos, de 27 de julho de 1927, limita ao mínimo a exposição do Santíssimo Sacramento durante a Missa, o que, contudo, é facilmente explicável pela vontade de manter habitualmente separado o ato do sacrifício e o culto de simples adoração, a fim de os fiéis compreenderem com clareza o caráter próprio de cada um.
Todavia, mais importante que a consciência desta diversidade é a consciência da unidade: é um só e mesmo Senhor que é imolado no altar e honrado no tabernáculo donde difunde suas bênçãos. Se disso fôssemos bem convictos, evitaríamos tanta dificuldade e nos guardaríamos de enfatizar o significado de um em prejuízo do outro e de nos opormos às decisões da Santa Sé”. Já propunha também a celebração de frente para o povo: “A maneira pela qual se poderá posicionar o tabernáculo sobre o altar, sem impedir a celebração de frente para o povo, pode receber soluções diversas, sobre as quais os especialistas darão o seu parecer. O essencial é compreender que é o mesmo Senhor a estar presente sobre o altar e no tabernáculo”.
Ainda falou assim sobre a renovação litúrgica, sobre o passado e o presente na liturgia, falando nesses termos: “Queremos acrescentar, para concluir, duas indicações sobre “a liturgia e o passado”, “a liturgia e o presente”. A liturgia e o passado: Em matéria de liturgia, como em muitas outras áreas, é preciso evitar, quanto ao passado, duas atitudes exageradas: um ataque cego e um desprezo total. Na liturgia se encontram alguns elementos imutáveis, um conteúdo sagrado que transcende o tempo, mas também elementos variáveis, transitórios e, às vezes, até defeituosos. Parece-nos que a atitude dos círculos litúrgicos de hoje em dia é bem equilibrada quanto ao passado. Eles pesquisam e estudam com seriedade, e mantém o que realmente vale a pena sem, contudo, cair em excessos”.
Sobre as adaptações na liturgia no presente, Pio XII afirmou assim: “A liturgia e o presente: A liturgia imprime uma marca característica na vida da Igreja e mesmo na atitude religiosa inteira de hoje. É especialmente notável é a participação ativa e consciente dos fiéis nas ações litúrgicas. Da parte da Igreja, a liturgia atual comporta uma atenção ao progresso, mas também à conservação e à defesa. Ela retorna ao passado, mas não o imita servilmente. Ela cria novos elementos nas cerimônias, no uso do vernáculo, no canto popular e na construção das igrejas”.
Concluiu dizendo: “Nós sinceramente desejamos o progresso do movimento litúrgico, e desejamos ajuda-lo, mas também é nosso dever prevenir-nos contra tudo que possa ser fonte de erros e perigos”. Vemos que, nessa mensagem, Pio XII falou já por três vezes da participação ativa dos fiéis na liturgia, do celebrante estar de frente para o povo, da centralidade do altar, e do Uso da língua vernácula”.
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