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Religiosas no Sínodo: a Igreja precisa da visão feminina

Na segunda-feira (15/10) foi realizada uma coletiva de imprensa com as sete religiosas que participam do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens e ao discernimento vocacional

Cidade do Vaticano

O  Sínodo dos Bispos que está sendo realizado no Vaticano conta com a presença de sete religiosas. Sete entre quase trezentos participantes. Uma percentagem mínima mas, de grande significado. A presença feminina não é novidade em um Sínodo, já ocorreu durante o Sínodo dedicado à família. Desta vez participam cerca de trinta mulheres, incluindo mães e esposas. Podem se pronunciar, mas não votar. Entre elas a irmã Alessandra Smerilli, religiosa das Filhas de Maria Auxiliadora, professora de Economia Política e Estatística na Pontifícia Faculdade de Ciências da Educação “Auxilium” de Roma.

“Somos muito ouvidas”

“Talvez exatamente por sermos poucas, somos muito ouvidas”. Diz irmã Alessandra Smerilli à Rádio Vaticano, definindo a participação feminina no Sínodo como “muito boa”. “Em particular, nos grupos há espaço para o diálogo, para fazer propostas, para confrontos com vários pontos de vista – explicou -, e é muito importante, porque é o que os jovens nos pedem”. Durante a coletiva a religiosa disse ainda que não se sente uma “participante de série b”, mas equivalente a todos os outros participantes.

As perguntas “incômodas” dos jovens

“Com descaramento”. Foi o que pediu explicitamente o Papa aos 300 jovens que se reuniram em Roma em março deste ano para o pré-sínodo. “Falem com coragem. Sem vergonha, não é. Aqui a vergonha deixa-se fora da porta. Fala-se com coragem: digo aquilo que sinto e se alguém está ofendido, peço perdão e vou adiante. Vocês sabem falar assim”, foram as palavras do Papa Francisco. Aquelas perguntas incômodas estão chegando ao Sínodo? Segundo irmã Alessandra sim. “Todas as perguntas dos jovens são incômodas, todas as vezes que falam – disse a religiosa – é uma provocação, porque suas perguntas nascem do coração, da observação de uma realidade vista de um modo diferente do nosso”. “Não nos deixam acomodados – disse a religiosa – mas querem as nossas respostas, nos colocam em discussão”.

O voto das mulheres

A propósito do baixo-assinado online para que as religiosas tivessem direito ao voto no documento final, irmã Alessandra explicou que se alguém pensa que isso deva acontecer, fez bem em propô-lo. Com referência à presença feminina no Sínodo “o processo iniciou agora e não para por aqui”. “Talvez seja um processo lento – acrescentou a irmã especialista em economia – mas pode-se ver progressos e por isso temos muita confiança”. Concluindo a entrevista lançou um apelo aos jovens: “Precisa-se da visão feminina na Igreja, no trabalho, na sociedade. Todas nós devemos nos colocar a caminho para não ver a realidade como um monólito”.

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16 outubro 2018, 11:25