Museus Vaticanos homenageiam Winkelmann, pai da arqueologia moderna
Alessandro Di Bussolo - Cidade do Vaticano
É como uma caça ao tesouro em cinquenta etapas pelas salas, pátios e corredores dos Museus Vaticanos, guiados pelo gosto e pelo grande conhecimento da arte de Johann Joachim Winckelmann (Stendal 1717-Trieste 1768), para descobrir 50 obras de arte presentes nas coleções dos Papas.
A exposição "Winckelmann. Obras-primas nos Museus Vaticanos", inaugurada em 9 de novembro e que permanecerá aberta até 9 de março de 2019, destaca o papel crucial que as coleções vaticanas tiveram nos estudos, nas teorias e nos escritos daquele que é considerado o pai da arqueologia moderna.
Barbara Jatta, diretora dos Museus Vaticanos, explica que se trata de "uma mostra que de certa forma homenageia Winkelmann, reconhecendo a importância que seu pensamento estético teve na formação dos Museus Vaticanos como modernamente entendidos, como nós hoje os visitamos”.
"Obras-primas nos Museus Vaticanos", acrescenta a diretora Jatta, “são obras somente dos Museus, 50 pontos onde estão os trabalhos, que não são somente de arqueologia clássica greco-romana, mas partem de obras da arte egípcia, passando pela etrusca, para então chegar à pintura da grande Renascença, e portanto as Salas de Rafael, mas também Barocci, Tiziano e o mesmo Caravaggio".
É uma exposição dos Museus Vaticano, explica a diretora, "que envolveu todos os departamentos, todos os escritórios e laboratórios de restauração, porque são unicamente obras dos Museus Vaticanos, com uma exceção, perto da Biblioteca Apostólica Vaticana, onde Winckelmann trabalha, onde recebe antes o título de Teutonicus scriptor e mais tarde, quase no fim da vida, o cobiçado título de scriptor grecus, mas sobretudo onde recebe o título de curador do nascente Museu Profano, que é precisamente um dos dois núcleos museológicos que constituem as primeiras formas dos Museus Vaticanos como entendidos modernamente".
São antes de tudo as obras do Belvedere Vaticano – explica ainda Barbara Jatta - "que já existia como coleção pontifícia, mas não tinha a estrutura que tem hoje como Pátio Octogonal com o Museu Pio Clementino, que vê a luz apenas três anos após sua morte, em 1771. Mas que é também constituído graças ao pensamento estético de Winckelmann, às suas teorias, a sua história da arte da antiguidade".
Guido Cornini, curador da exposição sobre Winckelmann, e diretor do departamento para a arte dos séculos XV e XVI dos Museus Vaticanos, nos explica que esta exposição, 300 anos após seu nascimento e 250 após a sua morte, “quer celebrar esta grande figura de historiador da arte e arqueólogo, o primeiro arqueólogo que podemos definir como tal, que marcou como um gigante a cultura do seu tempo e as sucessivas, Johann Joachim Winckelmann".
A arte grego-romana constitui – recorda Cornini - "o objeto principal de atenção de Winckelmann, graças a qual consegue imaginar uma periodização, com base na qual foi possível depois construir o mosaico da história da arte dos períodos sucessivos. Portanto, além de arqueólogo, ele é também o fundador da história da arte como a conhecemos hoje ".
Winckelmann, diz ainda Cornini, “chegou a Roma vindo da sua Prússia, precedido por um sonho de antiguidades que se havia formado com as leituras na Biblioteca do Rei Augusto da Saxônia e é contratado inicialmente pelo cardeal Passionei e mais tarde por Albani, e esta foi a sua sorte. É introduzido nos principais salões da aristocracia que abriga as mais importantes obras de arte da antiguidade. Tem a disposição assim, um imenso panorama do conhecimento histórico e artístico e entende que tudo o que foi escrito até aquele ponto sobre a história da arte da antiguidade, não resiste à prova da experiência direta e realiza um desenho da história da arte que começa precisamente nos mármores que estão aqui no Vaticano. De Laocoonte ao Torso do Belvedere, que estão no Vaticano desde o século XVI".
Os Museus Vaticanos que nascem logo após sua morte, conclui Cornini, "ainda vivem à sombra de seus ensinamentos. Naqueles tempos milagrosos, eram continuamente descobertas obras de arte que floresciam da terra e ele estava em todas as escavações. Como Comissário para as antiguidades de Roma, nomeado pelo Papa Clemente XIII, tinha o monopólio científico de tudo o que era escavado na cidade, e também os privados tiveram que abrir as portas de suas casas para mostrar a ele o que tinham.
Winckelmann consegue dar um forte impulso a esses estudos e está presente na vanguarda do nascimento do movimento neoclássico, do qual ele é um dos fundadores.
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