Card. Filoni pelo sesquicentenário dos missionários d'África
Cidade do Vaticano
“Enquanto a humanidade tiver sede de Cristo, daquele coração missionário se continuará a formar religiosas e religiosos generosos que desejam colocar-se à disposição daquele grande projeto que é o anúncio do Evangelho.”
São palavras da homilia que o prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, cardeal Fernando Filoni, pronunciou no sábado (26/01) em Roma, na igreja de São Luís dos Franceses, durante a celebração eucarística pelos 150 anos de fundação da Família Lavigerie, que compreende as missionárias de Nossa Senhora d’África (irmãs brancas) e os missionários d’África (padres brancos). Fundação que evoca à memória a figura do cardeal Charles Martial Allemand Lavigerie, primeiro, bispo de Nancy e, depois, arcebispo de Argel – capital da Argélia (1867) e delegado apostólico do Saara.
"Era missionária" levando o Evangelho ao mundo no Séc. XIX
“Impressiona-nos, do purpurado, seu grande intuito missionário, sua perspicaz visão eclesiológica, a paixão que o induzia a não ignorar o mundo complexo do norte islâmico África”, afirmou o prefeito de Propaganda Fide. Tratava-se dos anos da grande “era missionária” que estava levando o Evangelho ao mundo no Séc. XIX.
Hoje “a obra das missionárias e dos missionários da África se estende em numerosos países do continente negro e em outras regiões do mundo. Podemos dizer que aquele pequeno baobá, árvore símbolo da África, plantado por Lavigerie, cresceu estendendo seus ramos no continente inteiro, sob cuja sombra solidária muitos encontraram acolhimento e cujos frutos de amizade, de resgate humano, de zelo apostólico nutriram aqueles que dele se alimentaram”.
Papa Francisco: a missionariedade é a essência da Igreja
Mas qual papel têm ainda hoje as mulheres e os homens membros da Família Lavigerie? O Papa Francisco “recorda sempre que a paixão missionária deve envolver todos: bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos, famílias e até mesmo as crianças, missionárias junto a suas coetâneas. A missionariedade não é uma opção, um complemento na vida da Igreja, mas é a sua essência, porque uma Igreja sem impulso missionário é estéril”, frisou o cardeal Filoni.
Nesse sentido, “o coração missionário da Igreja jamais cessou de bater, sempre com a mesma trepidação, o mesmo entusiasmo e a mesma paixão”. E a Igreja anseia também hoje, mais do que nunca, responder ao mandato de Jesus ressuscitado de levar o Evangelho a todos os povos, “no desejo profundo de configurar as Igrejas locais à realidade das muitas culturas, embora no contexto da única catolicidade que une todos na mesma fé”.
Evitar o risco de tornar-se burocratas do sagrado
Esta “é ainda hoje a razão principal da existência da Família Lavigerie na qual cresce e se aperfeiçoa, em tantos homens e mulheres, a própria doação missionária. Aqui, nesta família – disse o purpurado dirigindo-se aos missionários da África –, vocês aprofundam o mistério de Cristo e da sua Igreja, se configuram a uma salutar visão teológica para não se perder na babel humana e tecnológica que prevalece em nossas sociedades atuais; nelas aprendem ainda evitar o risco de tornar-se burocratas do sagrado”.
“Efetivamente – precisou o prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos –, não se trata de ter pessoas com um pouco mais de cultura ou de educação humana e social, nem de satisfazer as exigências de instituições que demandam pessoas qualificadas para as necessidades culturais, que, no entanto, são também úteis na Igreja. Na família de vocês cada um é fundamentalmente chamado a ter o conhecimento de Cristo, caminho, verdade e vida; daquele Cristo que pretendem levar ao mundo.”
Fraternidade, evangelização e eclesiologia
O cardeal Filoni observou que três características não devem faltar no missionário de hoje. A primeira é a fraternidade, “nova fronteira do cristianismo”, que, segundo o Papa Francisco, “permanece sendo a promessa não mantida da modernidade, vez que o aflato universal da fraternidade, especialmente entre os povos e as nações, se mostra muito enfraquecido”.
A segunda é a evangelização “que se insere na experiência concreta onde se desenvolve a história dos homens e das mulheres do nosso tempo, colhendo sempre o sentido da vida humana e da experiência dos povos, que devem ser compreendidos e estimados”.
A terceira é a eclesiologia: “A Igreja custodia e leva os sinais da bênção de Deus, destinados a todo homem e mulher, para além das comunidades de pertença e das expressões religiosas às quais aderem”.
(L'Osservatore Romano)
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