Hospital do Papa que atende crianças e atua no exterior completa 150 anos

A história centenária do Hospital Bambino Gesù, com sede em Roma, já abraça projetos de caridade e ciência em outros países, reconhecendo a trajetória iniciada em 1869 como primeiro hospital pediátrico da Itália. Hoje, com a excelência em campo clínico e científico, é um dos pólos pediátricos mais importantes da Europa como ponto de referência para a saúde das crianças e adolescentes.

Andressa Collet – Cidade do Vaticano

O Hospital Pediátrico Bambino Gesù, conhecido como Hospital do Papa, completa 150 anos de fundação neste dia 19 de março. Para festejar a data, o secretário de Estado do Vaticano, Card. Pietro Parolin, e o presidente da Itália, Sergio Mattarella, participaram de um evento comemorativo no Auditório da sede da instituição de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, com transmissão ao vivo do Vatican Media (mas sem comentários em português). Para as celebrações de aniversário foi escolhido o slogan “O futuro é uma história de crianças”.

Hospital pediátrico mais antigo da Itália

Em 19 de março de 1869 nascia o primeiro hospital pediátrico da Itália, com sede em Roma, uma trajetória iniciada com o esforço coletivo, já que contou com a generosidade de muitos, entre doações privadas e campanhas nas paróquias romanas. Hoje, ao maturar 150 anos de atividades, a instituição é reconhecida internacionalmente como pólo de excelência na qualidade e na complexidade de tratamentos pediátricos.

Em 1985, a instituição obteve o reconhecimento em nível mundial do Instituto de Internação e Tratamento em Caráter Científico (IRCCS), ao complementar a atividade clínica àquela de pesquisa e experimentação de curas inovadoras. Em 2015, o reconhecimento internacional em âmbito sanitário veio  da Academic Medical Center, pela atividade articulada de formação médica e clínica do Bambino Gesù.

A esperança chega nas periferias

O Hospital também está presente em outros países com intervenções de assistência e cooperação nas periferias do mundo. Em Camboja, República Centro-africana, Jordânia, Síria, Índia, Tanzânia, Geórgia, Rússia, China e Etiópia estão ativos projetos de colaboração com estruturas hospitalares e universitárias que preveem atividades de formação e assistência clínico-cirúrgica. Em Roma, cidade-sede do hospital, a instituição está presente nas paróquias e nos bairros mais necessitados com uma Unidade Móvel.

A “riqueza do hospital é o saber”, comenta a presidente Mariella Enoc, “não vamos pelo mundo para construir hospitais, não somos uma ONG – exceto a experiência de Bangui na República Centro-africana que nasceu a pedido do Papa Francisco – mas fazemos colaboração, formação e projetos nos lugares mais distantes”.

Para este ano, estão previstas expansões em diferentes sedes, como a abertura e a construção, respectivamente, de um Centro para Cuidados Paliativos Pediátricos e outro para o Tratamento de Tumores e Transplantes. O hospital continua apostando na ciência com trabalhos que buscam o aperfeiçoamento de transplantes e o uso de células-tronco, bem como a pesquisa no âmbito imunológico e genético, mas sempre com o benefício à criança:

“Ao centro da nossa atenção permanece a criança e a sua família, pai, mãe, avós e, sobretudo, os irmãos. Aquilo que repito sempre aos médicos é que tenham tempo para fazer as visitas, porque a relação faz parte do processo de tratamento, que se dediquem bastante à escuta tão importante nos momentos de dificuldade.”

A fé, os Papas e o hospital das crianças

É um percurso de amor, caridade, atenção e também de pesquisa reconhecido pelos Papas. A história do hospital se une profundamente com os Pontífices a partir de 1924, quando a instituição é doada à Santa Sé, ao Papa Pio XI, para dar maior estabilidade às atividades sanitárias em prol das crianças, transformando-se, assim, no “hospital do Papa”.

João XXIII, Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco: a presença dos Pontífices no tempo - muitos dos quais fizeram visita aos pequenos pacientes internados – também acompanha a ampliação e o incremento do hospital como pólo de pesquisa.

Mariella afirma que o local “respira uma grande atmosfera de fé e de esperança”, porque não há diferença de credo e de religião: todos encontram acolhida no Bambino Gesù, como lembra a presidente ao contar um caso em que, mesmo diante das maiores dores, emerge rastros de fé:

“Me aconteceu de estar próxima de uma mãe e um pai que estavam com a criança morrendo nos braços. Quando percebemos que não tinha mais vida, eu me aproximei à mãe e pedi perdão porque o hospital tinha falido. E ela, ainda com a filha nos braços, me respondeu que eu estava enganada porque a sua filha tinha recebido muito amor e muita dignidade.”

Selos do Vaticano comemoram os 150 anos

O aniversário de 150 anos de fundação do Hospital Pediátrico Bambino Gesù também será comemorado com a emissão de selos postais do Vaticano, em emissão conjunta com o Ministério do Desenvolvimento Econômico da Itália. A venda de uma tiragem de 100 mil exemplares começa a partir deste 19 de março ao preço de 1 euro e 10 centavos cada um. Outros detalhes no site do Departamento Filatélico do Vaticano, através do site www.vaticanstate.va.

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Os Papas que visitaram o Hospital Pediátrico Bambino Gesù
19 março 2019, 11:32