Papa encontra hoje os líderes do Sudão do Sul
Giada Aquilino, Andressa Collet – Cidade do Vaticano
O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, fez a abertura do retiro espiritual que, durante dois dias na Casa Santa Marta, reúne as autoridades máximas civis e eclesiásticas do Sudão do Sul – um jovem país africano, independente do Sudão desde 2011. No início do seu pronunciamento, na tarde desta quarta-feira (10), o secretário levou a saudação do Papa e recordou o encontro do Pontífice com os participantes ao final do retiro, na tarde desta quinta-feira (11).
Encontro também ecumênico e diplomático
O retiro no Vaticano foi aprovado por Francisco como uma iniciativa “espiritual, ecumênica e diplomática”, disse Parolin. Trata-se de uma “oportunidade” de encontro e reconciliação no espírito “do respeito e da confiança” por aqueles que, “neste momento, tem a missão e a responsabilidade especial de trabalhar pelo desenvolvimento” do Sudão do Sul, precipitado numa guerra civil sangrenta em 2013, com ao menos 400 mil mortes.
O arcebispo de Cantuária, Justin Welby, e quem apresentou a proposta do retiro ao Papa, ainda em viagem para chegar em Roma, enviou a sua saudação e o agradecimento ao Pontífice pela hospitalidade “na sua casa”. O Primaz da Igreja Anglicana enfatizou a solicitude de Francisco pelo Sudão do Sul, com o auspício que o Espírito Santo “pouse” sobre todos os líderes do país, presentes ou não no retiro.
Encontro com Deus acontece fora das redes sociais
Um dos pregadores e presidente da Conferência dos Superiores Maiores da África e Madagascar, o padre jesuíta Agbonkhianmeghe Orobator abordou o verdadeiro significado do retiro espiritual, interpretado como um período “para encontrar Deus” ou, melhor, como um período em que “Deus possa nos encontrar”. O Senhor, explicou o sacerdote, “nos fala aqui”, não “com o telefone celular” e nem “através do Twitter, Facebook e Instagram”, em um percurso que é de cura, purificação e missão como “artesãos da paz”.
A riqueza do Sudão do Sul é seu povo
O pregador estendeu a sua reflexão sobre o hino nacional do país, intitulado “South Sudan Oyee!”, ao solicitar que os presentes o declamassem e o escutassem durante o retiro. Nele, explicou o jesuíta, Deus é mencionado duas vezes, no início e no fim do texto: o povo do Sudão do Sul é “de fé”, sublinhou Pe. Orobator, que, com “uma única voz” reza, glorifica e expressa confiança no Senhor, “em paz e harmonia”.
O maior recurso e riqueza do país, acrescentou o pregador, não vem da terra, da água ou do petróleo: é o povo. O jesuíta então lembrou do dia da independência da Khartoum, em 9 de julho de 2011, quando havia alegria, euforia e exultação de todas as etnias porque a nação “nascia” com uma esperança de paz, justiça, prosperidade e liberdade.
No entanto, disse o pregador, hoje “quase a metade da população” local, isto é, cerca de “7 milhões de pessoas”, passam por fome extrema e sofrem com a realidade das escolas abandonadas por causa das violências intercomunitárias e entre etnias. Além disso, 4 milhões de pessoas foram obrigadas a deixarem as suas casas, buscando abrigo em campos de refugiados.
O hino e a reconciliação nacional
O convite, então, foi de recuperar o “sonho” interpretado no hino nacional: ir além do “ódio” e das “incompreensões”, entre a guerra e a paz escolher “a vida” para uma reconciliação não somente “pessoal”, mas “nacional”.
Confira o texto do hino nacional do Sudão do Sul:
Oh, Deus,
nós rezamos e te glorificamos
pela Nossa graça do Sudão do Sul,
Terra de grande abundância,
nós nos apoiamos unidos e em harmonia.
Oh, pátria-mãe,
nos levantamos levantando a bandeira com a Estrela do Norte
e cantamos canções com liberdade e com alegria,
pela justiça, liberdade e prosperidade,
que reinarão para sempre.
Oh, grandes patriotas,
deixem-nos em silêncio e com respeito,
para saudar os nossos mártires cujo sangue
cimentou a nossa fundação nacional,
eles prometem proteger a nossa Nação.
Oh, Deus, abençoe o Sudão do Sul.
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