Papa em Camerino: é sinal de esperança, diz brasileira que viveu terremotos de 2016
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
A advogada Caroline Capelesso Ceni, de Erechim/RS, recebeu a notícia de que, no próximo domingo (16), o Papa Francisco vai visitar as famílias atingidas pelos fortes terremotos de 2016 em Camerino, pequena cidade da região central da Itália, conhecida pela presença da universidade fundada ainda em era medieval.
Na época, com apenas 22 anos, Caroline ainda era acadêmica de Direito e fazia um intercâmbio internacional na cidade justamente de conclusão de curso, quando sofreu com os abalos do dia 26 de outubro, num intervalo de pouco mais de duras horas (o primeiro de magnitude 5,4 e o segundo de 5,9 graus da escala Richter). Como todos os desabrigados, foi orientada a se resguardar num ginásio, a 15 minutos do centro histórico. A jovem recorda a presença dos frades, “bem atenciosos, que a todo momento passavam oferecendo chá, água e bolachas”.
Além das casas, milhares de igrejas danificadas
O diretor do Escritório de Bens Culturais da Conferência Episcopal Italiana, Pe. Valerio Pennasso, estima que 3 mil igrejas foram danificadas com os terremotos, sem falar “das casas nas quais as pessoas querem voltar a viver em curto prazo. As pessoas correm o risco de perder as lembranças dos lugares que são a sua história, e o Papa, com a sua visita, vai poder dar um outro impulso, um apelo a mais para a responsabilidade de todos para reconstruir as comunidades”.
Do Brasil, a advogada se mantém informada da situação: “a gente acaba ficando um pouquinho triste pela lentidão dos processos burocráticos, porque as pessoas precisam dos locais de encontro que hoje elas não têm mais, que seriam as praças, as próprias igrejas, que dão entidade pra elas, aquele sentimento de pertencimento”.
A visita do Papa a Camerino
O Papa Francisco vai chegar logo cedo da manhã de domingo a Camerino e visitar as estruturas emergenciais da localidade de Cortine, que acolhem as famílias desabrigadas pelos terremotos. Em seguida, o Pontífice segue à Catedral. Na Piazza Cavour, às 10h, Francisco vai presidir uma missa para, em torno das 12h, rezar a oração mariana do Angelus.
Uma visita apostólica que dá esperança à uma comunidade e mostra que não foi abandonada, acrescenta Caroline. Há 3 anos dos terremotos, afinal, as pessoas devem estar desencorajadas, comenta ela, que sofreu com os abalos, “algo realmente bem novo pra gente, do Brasil. Um medo e um sentimento que eu não conhecia e que deixa a gente inquieto”. E acrescenta:
“O único sentimento que resta é de gratidão por estar bem, por ter saúde e estar tudo tranquilo. E também pelas pessoas que eu conheci e pelas oportunidades que eu tive. Tenho mesmo gratidão por saber o quanto somos abençoados. Temos que agradecer a Deus por tudo o que a gente tem e rezar e enviar boas energias para as pessoas de lá, pela própria capacidade de resiliência que elas têm e que às vezes a gente acaba não tendo com os desafios que temos que enfrentar no nosso dia a dia.”
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