Em 4 de outubro de 2016, o Papa visitou algumas áreas atingidas pelo terremoto no centro da Itália Em 4 de outubro de 2016, o Papa visitou algumas áreas atingidas pelo terremoto no centro da Itália 

Papa em Camerino: é sinal de esperança, diz brasileira que viveu terremotos de 2016

Neste domingo (16), Francisco vai visitar as famílias atingidas pelos terremotos de 2016 em Camerino. Os abalos da época também danificaram cerca de 3 mil igrejas. A reconstrução da região, que fica no centro da Itália, ainda é lenta, e a presença do Papa, “que representa toda uma comunidade, acaba fazendo a diferença na vida de todos”, afirma jovem brasileira que sofreu com os terremotos quando fazia intercâmbio internacional.

Andressa Collet – Cidade do Vaticano

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“É aquele tipo de notícia que quando a gente lê parece que aquece o coração. Dá esperança porque a gente sabe que é um momento bem difícil e de superação para todas aquelas famílias. E o que elas mais precisam mesmo agora, além de toda a assistência para se reestabelecerem de novo, é um conforto, uma palavra, um apoio. E a visita do Papa, que representa toda uma comunidade, acaba fazendo a diferença na vida de todo mundo.”

A advogada Caroline Capelesso Ceni, de Erechim/RS, recebeu a notícia de que, no próximo domingo (16), o Papa Francisco vai visitar as famílias atingidas pelos fortes terremotos de 2016 em Camerino, pequena cidade da região central da Itália, conhecida pela presença da universidade fundada ainda em era medieval.

Na época, com apenas 22 anos, Caroline ainda era acadêmica de Direito e fazia um intercâmbio internacional na cidade justamente de conclusão de curso, quando sofreu com os abalos do dia 26 de outubro, num intervalo de pouco mais de duras horas (o primeiro de magnitude 5,4 e o segundo de 5,9 graus da escala Richter). Como todos os desabrigados, foi orientada a se resguardar num ginásio, a 15 minutos do centro histórico. A jovem recorda a presença dos frades, “bem atenciosos, que a todo momento passavam oferecendo chá, água e bolachas”.

Na época dos terremotos, estudante estava em Camerino para conclusão do curso de Direito
Na época dos terremotos, estudante estava em Camerino para conclusão do curso de Direito
Caroline fazia intercâmbio internacional em Camerino
Caroline fazia intercâmbio internacional em Camerino
No registro das fotos, a cidade antes dos terremotos
No registro das fotos, a cidade antes dos terremotos
Caroline acompanha de longe o processo lento de reconstrução da cidade, que conheceu antes do sisma
Caroline acompanha de longe o processo lento de reconstrução da cidade, que conheceu antes do sisma

Além das casas, milhares de igrejas danificadas

O diretor do Escritório de Bens Culturais da Conferência Episcopal Italiana, Pe. Valerio Pennasso, estima que 3 mil igrejas foram danificadas com os terremotos, sem falar “das casas nas quais as pessoas querem voltar a viver em curto prazo. As pessoas correm o risco de perder as lembranças dos lugares que são a sua história, e o Papa, com a sua visita, vai poder dar um outro impulso, um apelo a mais para a responsabilidade de todos para reconstruir as comunidades”.

Do Brasil, a advogada se mantém informada da situação: “a gente acaba ficando um pouquinho triste pela lentidão dos processos burocráticos, porque as pessoas precisam dos locais de encontro que hoje elas não têm mais, que seriam as praças, as próprias igrejas, que dão entidade pra elas, aquele sentimento de pertencimento”.

A visita do Papa a Camerino

O Papa Francisco vai chegar logo cedo da manhã de domingo a Camerino e visitar as estruturas emergenciais da localidade de Cortine, que acolhem as famílias desabrigadas pelos terremotos. Em seguida, o Pontífice segue à Catedral. Na Piazza Cavour, às 10h, Francisco vai presidir uma missa para, em torno das 12h, rezar a oração mariana do Angelus.

Uma visita apostólica que dá esperança à uma comunidade e mostra que não foi abandonada, acrescenta Caroline. Há 3 anos dos terremotos, afinal, as pessoas devem estar desencorajadas, comenta ela, que sofreu com os abalos, “algo realmente bem novo pra gente, do Brasil. Um medo e um sentimento que eu não conhecia e que deixa a gente inquieto”. E acrescenta:

“O único sentimento que resta é de gratidão por estar bem, por ter saúde e estar tudo tranquilo. E também pelas pessoas que eu conheci e pelas oportunidades que eu tive. Tenho mesmo gratidão por saber o quanto somos abençoados. Temos que agradecer a Deus por tudo o que a gente tem e rezar e enviar boas energias para as pessoas de lá, pela própria capacidade de resiliência que elas têm e que às vezes a gente acaba não tendo com os desafios que temos que enfrentar no nosso dia a dia.”

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11 junho 2019, 15:14