O diálogo do Papa com os jesuítas de Moçambique e Madagascar
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
O diálogo privado entre o Papa e 24 jesuítas de Moçambique e Madagascar realizado em 5 de setembro foi divulgado nesta quinta-feira (26) em reportagem especial de Pe. Antonio Spadaro na revista italiana La Civiltà Cattolica com o título: “A soberania do povo de Deus”. O encontro, que durou uma hora, foi promovido durante a viagem apostólica de Francisco à África no início do mês de setembro.
Ao introduzir a entrevista, Spadaro descreve o ambiente da Nunciatura Apostólica onde aconteceu a conversa e conta que logo na chegada do Papa, depois de uma salva de palmas, o Pontífice pediu aos jesuítas de formarem um círculo com as cadeiras. O diálogo tomou forma quando os presentes começaram a formular perguntas a Francisco.
Obra de discernimento espiritual para Moçambique
O primeiro foi Pe. Paul Mayeresa, que trabalha no apostolado educativo em Beira e pediu um conselho sobre como viver em Moçambique. O Papa Francisco reconheceu da dificuldade de reconstruir uma sociedade dividida, e sugeriu repassar às pessoas empenhadas em diversos setores da sociedade os Exercícios Espirituais que podem ajudar “na tarefa de unir e reconciliar”, disse o Papa: “trata-se da experiência do discernimento espiritual que guia a ação”. Francisco falou ainda da necessidade, sobretudo diante dos jovens, de “ensinar a ter a paciência do discernimento para chegar ao essencial” e de “ensinar os conteúdos, isto é, a Doutrina Social da Igreja”.
O proselitismo não é cristão
Ao responder a uma pergunta de Pe. Bendito Ngozo, capelão da Escola Secundária Santo Ignácio de Loyola, sobre seitas protestantes que usam o nome do Evangelho e promessas de riqueza e prosperidade para fazer proselitismo, o Papa sugeriu artigos para leitura publicados na própria revista dos jesuítas para poder aprofundar a diferença entre fazer proselitismo e evangelização. E Francisco insistiu o que tem enfatizado por muitas vezes: “o proselitismo não é cristão”.
Francisco prosseguiu afirmando que “a evangelização é essencialmente testemunho” e que “devemos evangelizar” porque, “infelizmente, porém, não só nas seitas, mas também ao interno da Igreja católica há grupos fundamentalistas sublinhando o proselitismo mais que a evangelização”, alertou o Papa.
Na versão online da revista La Civiltà Cattolica é possível conferir a conversa na íntegra em diferentes idiomas: espanhol, inglês, italianos e francês.
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