Santa Sé - EUA: simpósio sobre a liberdade religiosa
Cidade do Vaticano
A persistente e fundamental colaboração entre a Santa Sé e os Estados Unidos no caminho da promoção da dignidade humana e da tutela da liberdade religiosa. Este foi o tema principal do simpósio organizado no Vaticano intitulado "Caminhos para alcançar a dignidade humana. Parceria com organizações religiosas", na quarta-feira, 2 de outubro, no contexto de um dado importante: 250 milhões de pessoas são perseguidas em todo o mundo por sua fé e vítimas da armadilha do tráfico.
O secretário para as Relações com os Estados, arcebispo Paul Richard Gallagher, reiterou que o objetivo da "colaboração com os Estados Unidos é construir uma sociedade que seja realmente tolerante e inclusiva e salvaguardar a dignidade e os direitos inalienáveis de toda pessoa humana".
Três foram as questões abordadas. A primeira é a promoção do direito fundamental à liberdade religiosa. "Como o Papa Francisco afirmou em Rabat, 'liberdade de consciência e liberdade religiosa [...] estão intrinsicamente ligadas à dignidade humana.' A liberdade de religião é um princípio fundamental que brota da natureza humana e, ao mesmo tempo uma realidade existencial na vida de cada pessoa. Infelizmente - observou o secretário - está ameaçado quer como princípio quanto na experiência vivida de muitas pessoas”. ”No mundo de hoje - observou o Papa Francisco com um pouco de tristeza - a liberdade religiosa geralmente vem mais afirmada do que colocada em prática'".
E referindo-se então ao Documento Conjunto sobre a "Fraternidade Humana" assinado em Abu Dhabi, em 4 de fevereiro deste ano pelo Papa Francisco e pelo Grão Imame de Al-Azhar Ahmed Al-Tayyeb, o secretário Gallagher enfatizou tanto o ponto relativo à incitação à guerra e ao ódio por parte das religiões, como a inevitável necessidade de desenvolver e respeitar o princípio da cidadania plena para todos, independentemente da afiliação religiosa individual.
Precioso seria - disse ele – o desenvolvimento de "uma rede internacional de líderes religiosos e de pessoas de boa vontade para construir tolerância, fraternidade e um são pluralismo. As religiões têm o direito e o dever de mostrar claramente que é possível construir uma sociedade em que "um são pluralismo, que realmente respeite os outros e os valorize como tal", seja um precioso aliado no compromisso com a defesa da dignidade humana [...] e um caminho para a paz em nosso mundo” (cfr Papa Francesco, Evangelii gaudium, n. 255 e 257).
"A ênfase principal no que tange à liberdade religiosa – precisou - não deve ser política ou ideológica: a principal preocupação deve ser a de proteger eficazmente os direitos humanos e as liberdades fundamentais e de promover a coexistência pacífica e uma sociedade inclusiva, na qual as pessoas possam expressar suas crenças livremente, sem temer censuras por parte do pensamento comum e onde as minorias sejam plenamente respeitadas".
A segunda questão é combater o tráfico de seres humanos "uma das realidades mais sombrias e reprováveis do mundo de hoje". Os esforços devem ser eficazes, disse o arcebispo Paul Gallagher, recordando o quanto faz a Santa Sé junto com a Igreja Católica, e como as guerras aumentam o risco de escravizar as pessoas. "Temos necessidade", disse ele, de pessoas corajosas e comprometidas ao lado das vítimas e temos necessidade de "líderes corajosos para tomar decisões apropriadas".
Por fim, a última questão é o fornecimento de assistência humanitária. Também aqui se destaca o trabalho da Santa Sé e da Igreja Católica por meio de sua rede de agências de caridade, especialmente em áreas de conflito armado ou de outras crises políticas, sociais ou econômicas. "Ao distribuir ajuda", explicou, "as agências e outras entidades católicas não fazem distinção em relação à identidade religiosa ou étnica das pessoas que precisam de assistência e sempre tentam dar prioridade àqueles que são mais vulneráveis e mais necessitados.
As agências católicas recebem fundos por meio de apelos e campanhas "promovidas pelas conferências episcopais nacionais, doações privadas de fiéis católicos e, às vezes, por meio de sua colaboração com governos e organizações internacionais.
A Santa Sé aprecia essa colaboração. No entanto - enfatizou o arcebispo - em alguns casos os financiamentos governamentais são condicionados por considerações ideológicas nem sempre compatíveis com princípios e convicções religiosas. Seria um ato intrusivo por parte de um doador impor a sua cultura, os seus valores, a sua ideologia e suas políticas, erodindo tradições religiosas, a história e os valores religiosos e morais das pessoas que pretende ajudar".
O secretário de Estado dos EUA, Michael Pompeo, também se pronunciou no Simpósio realizado no Vaticano. Quando se trata de defender a dignidade humana, "o risco hoje é provavelmente mais alto do que era durante a Guerra Fria", disse ele, "porque as ameaças em relação a ela são mais diversas e mais numerosas". As raízes da repressão religiosa, acrescentou, se aprofundam em regimes autoritários que "nunca aceitarão um poder superior ao próprio", causando "ataques à dignidade humana". Eis porque, acrescentou, "devemos exercer a nossa voz moral para enfrentá-los. As questões fundamentais da dignidade humana e da liberdade religiosa", disse o secretário de Estado estadunidense, "transcendem a política cotidiana".
Após os pronunciamentos de diplomatas e representantes de organizações religiosas, o simpósio terminou à tarde com a fala do secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, que inicialmente reconheceu a participação de organizações religiosas no simpósio - a Comunidade de Sant'Egidio, Ajuda à Igreja que Sofre, a Fundação Adyan, a Fundação AVSI, Caritas Internationalis e Talitha Kum, agradecendo a elas pela contribuição. Em seguida, enfatizou as características distintivas da cooperação da Igreja com os Estados e organizações religiosas: "Paz, dignidade humana e justiça social, luta contra a pobreza e promoção do desenvolvimento sustentável".
O Cardeal também enfatizou como a liberdade religiosa é um direito humano fundamental e como os abusos nesse campo "continuam sendo um dos maiores desafios globais". Citando por fim o Papa Francisco, o secretário de Estado do Vaticano observou que "tirar a liberdade de consciência é o primeiro passo para remover a liberdade de culto". Os desafios são muitos e grandes, disse ele, "mas os enfrentaremos com fé e comprometimento. Sabemos que Deus está conosco quando nos comprometemos em promover a dignidade humana".
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