A força da solidariedade
Silvonei José – Cidade do Vaticano
Em 26 de dezembro de 2004, o pior terremoto do século e o consequente tsunami devastaram a Indonésia e outros países asiáticos. Passaram-se 15 anos desde aquele terrível dia, desde o violento terremoto de magnitude 9,1 que atingiu o Oceano Índico ao largo da costa noroeste de Sumatra, Indonésia, causando um tsunami gigante: ondas de até 50 metros de altura devastaram partes das regiões costeiras da Indonésia, Sri Lanka, Índia, Tailândia, Birmânia e Bangladesh, matando mais de 230 mil pessoas. Este é o terremoto mais violento do século XXI, o terceiro na história da sismologia, isto é, desde quando se iniciou a medir os terremotos com instrumentos científicos rigorosos.
Numerosas celebrações foram realizadas por ocasião do aniversário na Indonésia, o país mais afetado. As vítimas também foram comemoradas, como todos os anos, na Tailândia (onde morreram 5.000 pessoas, muitas delas turistas), Índia e Sri Lanka. Depois daquele dia terrível, em que não faltou controvérsia sobre o tempo dos alertas às populações das áreas atingidas pelo tsunami, foi concebido o sistema de alarme de tsunami do Oceano Índico. É uma ferramenta fundamental para analisar as possíveis consequências dos terremotos e para informar aos governos dos países em questão, sobre estimativas e horários de chegada de possíveis ondas anômalas. O impacto desse fenômeno devastador foi tão forte que, desde então, o sistema de monitoramento e alerta das marés mudou em muitos países ao redor do mundo.
Eco Mundial
A catástrofe natural teve um eco mundial impressionante, o que permitiu que mais de 13 bilhões de dólares de ajuda fossem levantados com a ajuda de muitos países. Uma resposta sem precedentes, seja em termos de reatividade, seja de quantidade de ajudas da máquina de solidariedade. A ilustrar isso em detalhes é o relatório "O Tsunami, 10 anos depois" lançado pela ONG internacional Oxfam em 2014, que destaca como a contribuição de pessoas particulares também registrou números recordes: 40% dos fundos, equivalentes a cerca de 5,5 bilhões de dólares, foram doados por cidadãos, empresas e fundações. Esta é a maior coleta de recursos privados da história. Uma solidariedade que também foi desejada pela Santa Sé através das palavras de São João Paulo II.
A "comunidade internacional trabalhe para levar ajuda às populações atingidas". Este foi o pedido de São João Paulo II nas horas imediatamente após o terremoto. "A festa de Natal - disse o Papa depois da oração do Angelus de 26 de dezembro de 2004 - foi entristecida pelas notícias vindas do sudeste asiático pelo forte terremoto que atingiu a Indonésia com consequências em outros países, como Sri Lanka, Índia, Bangladesh, Mianmar, Tailândia, Malásia e Maldivas". "Rezemos - acrescentou - pelas vítimas desta grande tragédia e asseguremos a nossa solidariedade para com aqueles que sofrem, enquanto esperamos que a comunidade internacional trabalhe para levar ajuda às populações afetadas".
"Imensa catástrole"
Três dias depois, na Audiência Geral de 29 de dezembro, o Santo Padre lançou um novo apelo, falando de "imensa catástrofe". A comunidade internacional e muitas organizações humanitárias rapidamente se mobilizaram para o socorro. Muitas instituições de caridade da Igreja também o estão fazendo, disse São João Paulo II. O Papa então convidou todos os crentes e homens de boa vontade a contribuírem generosamente para esta grande obra de solidariedade para com as populações duramente provadas e então expostas ao risco de epidemias.
Na sequência do devastador desastre natural, o Papa quis mostrar sua proximidade paterna e espiritual para com as pessoas mais atingidas pelo grave desastre, ordenando o envio de ajuda imediata por uma soma superior a 300 mil dólares. Nas semanas seguintes, foi concedida mais ajuda às populações afetadas. Um mês após o terremoto, o presidente do "Cor Unum", Dom Cordes, foi enviado pelo Santo Padre como seu mensageiro especial à Indonésia e Sri Lanka.
Solidariedade
Espero, disse São João Paulo II, que “a solidariedade demonstrada pelos nossos irmãos e irmãs em todo o mundo seja uma fonte de encorajamento, perseverança e esperança para todos aqueles que estão empenhados na grande obra de reconstrução que se vislumbra". Depois, um pedido específico: "Peço também aos fiéis das diferentes religiões que se unam no apoio e na assistência aos necessitados”.
Passaram-se 15 anos daquele imenso desastre mas na escuridão daquela tragédia, uma memorável página de solidariedade foi escrita.
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