O Papa Francisco tem quatro sonhos para a Amazônia: social, cultural, ecológico e eclesial O Papa Francisco tem quatro sonhos para a Amazônia: social, cultural, ecológico e eclesial 

Pe. Bossi: os protagonistas do diálogo social são os povos da Amazônia

O missionário comboniano trabalhou por vários anos no Maranhão, na divisa com o Para, e por muito tempo na defesa dos direitos socioambientais.

Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano

Na entrevista de hoje, o provincial dos missionários combonianos no Brasil, pe. Dario Bossi, coordenador da Rede Igrejas e Mineração, fala sobre o que é preciso fazer para que os quatro sonhos do Papa Francisco, sonho social, cultural, ecológico e eclesial, expressos na Exortação Apostólica Querida Amazônia, se tornem realidade no contexto amazônico.

Pe. Bossi está há quinze anos no Brasil. Trabalhou por vários anos no Maranhão, na divisa com o Para, e por muito tempo na defesa dos direitos socioambientais.

Eis o que disse.

Eu diria primeiramente, que não devemos nunca desconectar a palavra sonho, que é a chave da Exortação da palavra conversão, que é a chave do Documento final. Inclusive não pode haver sonho se não houver conversão, porque sonho é enxergar a realidade a partir de outros olhos, de outras percepções não é, de outras chaves de leitura e esses olhos novos nos vem exatamente de uma mudança integral que é a conversão. Portanto, há uma conexão direta e não dá para sonhar se nós mesmos como Igreja não nos convertemos. Então a primeira resposta que eu diria é nos dispormos e nos comprometermos a uma conversão nossa, tanto é que na Exortação o Papa fala também dá coragem de pedir perdão e reconhecer onde estamos errando, onde temos que mudar.

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Depois, o sonho na Bíblia também sempre se conecta a uma ação, o sonho é um despertar que depois quando vem o amanhecer se traduz em agir. Então, pelo sonho Deus revela caminhos que depois temos que percorrer, não é.  Então, eu acho que entramos na terceira etapa do Sínodo. A primeira etapa foi a etapa da escuta, a segunda etapa foi a etapa do discernimento eclesial, universal aqui em Roma com todo o respeito e o esforço que não foi fácil do encontro das diferenças que foi um exercício  interessantíssimo, um exercício em que percebemos a presença do espírito no trabalho do Espírito, mas tudo isso seria infértil,  seria vazio, seria inútil se não tiver essa terceira etapa que é a etapa da ação, do caminho que continua e continua com as pernas de quem o iniciou que são as pessoas que estão lá.

E o Papa usa uma expressão que eu acho genial, quando ele diz assim: “O que eu espero é um diálogo social” e os protagonistas desse diálogo social são os povos da Amazônia. A Igreja diz atenção: vocês são convidados, não são os donos do pedaço, não são os donos da palavra. Vocês são os convidados ao diálogo social dos povos e nesse convite vocês podem contribuir com a luz do Evangelho que leva a plenitude a beleza que está em todas as culturas e nesse diálogo vocês devem valorizar e dar autoridade e força, e ele usa essa expressão “a palavra poderosa dos últimos”. Então, presta atenção que coisa bonita não é um diálogo assim, normal, sem uma chave de leitura particular, mas é um diálogo em que a chave de leitura é a palavra dos últimos coisa que nos diálogos normais geralmente os últimos são os últimos a serem escutados, né é. Não, aqui são os últimos que têm a primeira palavra. Então, eu acho que é nessa linha que o Sínodo continua e se transforma em ação.

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20 fevereiro 2020, 15:39