Diário da Crise de Pe. Lombardi: a “Comunhão espiritual” no jejum eucarístico obrigatório
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
O Pe. Federico Lombardi, ex-diretor da Rádio Vaticano e presidente da Fundação Vaticana Joseph Ratzinger – Bento XVI, na segunda parte do Diário da Crise, aprofunda a reflexão sobre o tema da “Comunhão espiritual” que tem sido redescoberta em meio à emergência da pandemia do coronavírus. E Pe. Lombardi começa subitamente lembrando da infância e das aulas de catequese, quando afirma:
“Quando nós, que agora somos velhos, éramos crianças, frequentemente na catequese nos falavam da ‘Comunhão espiritual’. Nos diziam que podíamos nos unir espiritualmente a Jesus que se oferece sobre o altar, mesmo se não fazíamos a comunhão sacramental recebendo fisicamente a hóstia consagrada. A ‘Comunhão espiritual’ era uma prática religiosa que pretendia nos fazer sentir unidos de maneira mais contínua a Jesus, não somente quando recebíamos a Comunhão durante a missa, mas também em outros lugares ou momentos. Não era uma alternativa à Comunhão sacramental, mas, de certa forma, era uma continuação e uma preparação, nas visitas ao Santíssimo Sacramento ou em outros tempos de oração. Depois, praticamente não ouvimos mais falar sobre isso por decênios.”
A Comunhão espiritual na JMJ de Madri
O Pe. Lombardi, então, revela que começou a pensar com insistência sobre o assunto durante a Jornada Mundial da Juventude de 2011, em Madri. Naquela oportunidade, uma tempestade destruiu parte das tendas onde tinham sido preparadas as partículas consagradas para a comunhão de quase 2 milhões de jovens da missa conclusiva da JMJ do dia seguinte. Dessa forma, explica o ex-diretor da Rádio Vaticano, apenas uma parte dos jovens presentes na celebração presidida pelo Papa pôde fazer a Comunhão sacramental, “porque faltavam as hóstias”.
A Comunhão Espiritual na Santa Marta
O momento se repete agora, quando o Papa Francisco, durante a missa diária da Santa Marta “exorta os fiéis que rezam com ele sem estar fisicamente presentes a fazerem a ‘Comunhão espiritual’”. O Pontífice propõe uma das fórmulas tradicionais ensinadas por muito tempo, no passado, por bons mestres espirituais do povo cristão, afirma o Pe. Lombardi, “fórmulas que eram familiares a muitas das nossas mães e das nossas avós, aquelas que frequentemente ou diariamente iam a missa cedo da manhã, mas que sabiam também se manter em união com Deus, da sua maneira, durante as ocupações do dia”.
A Comunhão e o ato piedoso de desejo
A “Comunhão espiritual”, também recorda o ex-diretor, quando não se pode receber aquela sacramental, também é chamada de “Comunhão de desejo”, ao “desejar que a própria vida seja unida a Jesus, em especial, ao seu sacrificar-se por nós na Cruz”. O Pe. Lombardi acredita que, neste longo tempo de jejum eucarístico obrigatório, muitas pessoas que estavam acostumadas a fazer a Comunhão sacramental sentiram ainda mais a falta do “pão quotidiano” eucarístico.
A própria Igreja, acrescenta o ex-diretor, de maneira realmente excepcional, aceitou impor aos fiéis esse jejum, como sinal de solidariedade e participação às medidas de restrição impostas em várias partes do mundo por causa da pandemia do Covid-19. O Pe. Lombardi então finaliza a segunda parte do Diário da Crise com uma reflexão:
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