No registro de arquivo (2018), os refugiados venezuelanos em Boa Vista, em Roraima No registro de arquivo (2018), os refugiados venezuelanos em Boa Vista, em Roraima 

Pós-pandemia: ao invés de ser bode expiatório, migração precisa de acolhimento

A reflexão feita por Pe. Alfredo Gonçalves, vice-presidente do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), faz parte do boletim desta semana da Seção Migrantes e Refugiados do Vaticano. O scalabriniano mostra que sobre os ombros dos migrantes, o lado mais fraco da pandemia, “tende a recair toda a culpa da desordem sociopolítica, das catástrofes naturais e das grandes pandemias”. O grito que vem do Brasil é para se repensar a nova normalidade, que não deveria ser da economia globalizada e suas consequências, mas de uma “sociedade alternativa, recriada e solidária”.

Andressa Collet - Vatican News

A nova fase do boletim semanal proposto pela Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano apresenta reflexões sobre os mais vulneráveis neste período de pandemia de Covid-19. No serviço online divulgado em 5 línguas - entre elas o português - da última terça-feira (7), o resgate de um dos tantos artigos escritos pelo Pe. Alfredo Gonçalves, vice-presidente do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM).

O texto foi publicado originalmente no portal da Ordem Scalabriniana, da qual faz parte, e mostra que sobre os ombros do “bode expiatório, vale dizer, hoje sobre os ombros” dos migrantes, o lado mais fraco da pandemia, “tende a recair toda a culpa da desordem sociopolítica, das catástrofes naturais e das grandes pandemias”. O grito que vem do Brasil através do Pe. Alfredo é para se repensar a nova normalidade apresentada diariamente pela mídia e pelo governo, que não deve ser de uma economia globalizada que, “através do mito da produção a qualquer preço e do consumo frenético, extrai e explora os recursos naturais até a exaustão”, fazendo com que “milhões de refugiados climáticos” sejam expulsos, mas de uma “sociedade alternativa, recriada e solidária”.

O apoio às mulheres em meio à pandemia

A emergência sanitária criada pela Covid-19, assim, agravou a situação de vulnerabilidade dos migrantes e refugiados no mundo inteiro. As organizações católicas, na lacuna deixada pelo governo de dar assistência às pessoas deslocadas, têm suprido esse vazio através de várias iniciativas.

O boletim vaticano desta semana dá ênfase às ações oferecidas em prol das mulheres. No Líbano, por exemplo, a Caritas local tem oferecido abrigo a trabalhadoras domésticas etíopes que foram desempregadas no país, e a ONG italiana “Comunidade Voluntários pelo Mundo” se disponibilizou para dar assistência a mais de 600 mulheres etíopes na mesma situação, repatriadas no final de maio. A iniciativa faz parte do projeto em curso no país denominado “Ciclo de Migração Mulheres Seguras”.

Solidariedade nas fronteiras

Já na fronteira entre os Estados Unidos e o México está o bispo de El Paso, do Texas, dom Mark Seitz, que idealizou um projeto junto ao Instituto Fronteira de Esperança para ajudar mulheres imigrantes grávidas em Ciudad Juárez que procuram asilo nos EUA. A própria Igreja em El Paso, através do Fundo de Assistência Fronteiriça para Refugiados, ajuda mulheres grávidas e os filhos.

Dentro dos Estados Unidos, entidades católicas dos estados de Washington e Kansas procuram garantir que os imigrantes consigam ter acesso à informação e aos serviços tão bem como os nativos. Os esforços de divulgação incluem a utilização da TV e do rádio para garantir que todas as pessoas recebam a mesma mensagem. O boletim, enfim, também traz o exemplo do que acontece na cidade de Jafa, em Israel, já que a Igreja de Santo Antônio (sob a Custódia da Terra Santa) se tornou uma verdadeira paróquia de migrantes e refugiados: fornece espaços para encontros e celebrações nas línguas maternas e para diferentes comunidades.

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09 julho 2020, 12:02