Turkson: assegurar acesso à saúde a todas as pessoas e comunidades
Raimundo de Lima - Vatican News
"O Dia Mundial da Saúde é celebrado todos os anos em 7 de abril, estabelecido pela primeira Assembleia da Saúde em 1948, com o objetivo de aumentar a conscientização sobre um tema específico da saúde e evidenciar questões de grande urgência e prioridade no mundo da saúde. O tema deste ano observa a urgência de trabalhar para eliminar as desigualdades no acesso à saúde, para "Construir um mundo mais justo e mais saudável para todos."
É o que afirma o prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, em sua mensagem para o Dia Mundial da Saúde, celebrado esta quarta-feira.
O purpurado ganense destaca que 2020 será lembrado como um ano divisor de águas entre um antes e um depois. "A pandemia afetou profundamente nossas vidas e nossa sociedade; agravou antigos problemas sociais, sobretudo as desigualdades, como as de acesso aos cuidados. O impacto da pandemia tem sido mais forte nas comunidades mais vulneráveis, mais expostas à doença, com menos oportunidades de acesso a serviços de saúde de qualidade."
O prefeito do Dicastério vaticano frisa que estamos passando por uma crise, mas como o Papa Francisco nos lembra, "não se sai de uma crise da mesma forma, ou saímos melhor ou saímos pior". Esse é o convite deste Dia Mundial da Saúde, reitera. "Construir um mundo mais justo e mais saudável para todos".
O ano difícil também nos lembrou da importância da solidariedade humana e da consciência de que ninguém se salva sozinho. "Neste sentido - prossegue o cardeal -, o Papa nos convida a vivificar e colocar no centro de nossas ações os valores da fraternidade, justiça, equidade, solidariedade e inclusão para não deixar que nacionalismos fechados ou leis de mercado nos impeçam de viver como uma verdadeira família humana."
A saúde diz respeito ao valor da justiça
A pandemia exacerbou a grande disparidade entre os países mais e menos favorecidos no acesso à saúde e ao tratamento, um fato deplorável que persiste apesar de a situação ter sido denunciada várias vezes por diversas instituições; disparidades e desigualdades inaceitáveis que negam a saúde a uma grande parte da população nas "periferias do mundo", destaca o purpurado em sua mensagem.
A humanidade luta para reconhecer que "o direito fundamental à proteção da saúde diz respeito ao valor da justiça, segundo o qual não há distinção entre povos e nações, levando em conta as situações objetivas de vida e desenvolvimento das mesmas, na busca do bem comum, que é ao mesmo tempo o bem de todos e de cada um, que deve ser assumido, também e sobretudo, pela comunidade civil".
É de se esperar que "a harmonização do direito à proteção da saúde e do direito à justiça seja assegurada por uma distribuição equitativa das estruturas de saúde e dos recursos financeiros, de acordo com os princípios da solidariedade e da subsidiariedade", afirma.
Sobre estes dois princípios se podem construir sistemas de saúde mais equânimes e mais justos. Mas para fazer isso é preciso, em primeiro lugar, repensar o conceito de saúde, como saúde integral, continua.
Por uma saúde integral
"Para um mundo mais justo e mais saudável é necessário adquirir uma visão diferente da saúde humana e dos cuidados que leve em conta as dimensões física, psicológica, intelectual, social, cultural e espiritual da pessoa", destaca. Adquirir este olhar integral nos permite compreender que garantir a cada um o cuidado de saúde necessário é um ato de justiça, ou seja, devolver à pessoa o que está em seus direitos. Aqueles que cuidam dos doentes e dos que sofrem devem ter esta visão de conjunto, inspirando-se continuamente em uma visão holística do cuidado: agentes de saúde e agentes de pastoral unânimes pela saúde integral de seus assistidos.
"Estendemos nossa estima e gratidão àqueles agentes que, apesar das muitas carências e falhas dos sistemas de saúde, não desistiram e lutaram pela saúde de seus pacientes; têm sido fiéis à sua vocação que na compaixão encontra sua fonte", lê-se na mensagem.
"A compaixão é também uma forma privilegiada de construir justiça, porque, ao nos colocarmos na situação do outro, não só nos permite encontrar suas fadigas, dificuldades e medos, mas também descobrir, no seio da fragilidade que caracteriza cada ser humano, a preciosidade e o valor único, em uma palavra: dignidade. Porque a dignidade humana é o fundamento da justiça, enquanto a descoberta do valor inestimável de cada ser humano é a força que nos impulsiona a superar, com entusiasmo e abnegação, as desigualdades", ressalta o cardeal Turkson.
Por um mundo mais saudável
"A pandemia, em particular, nos ensinou que a saúde é um bem comum, de modo que, protegendo a própria saúde, se protege a saúde dos outros e de toda a comunidade", lê-se.
Uma questão que merece atenção especial é a saúde mental, fortemente provada neste período de pandemia. A este respeito, o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral preparou um documento, que pode ser consultado em seu site, intitulado: "Acompanhar as pessoas em sofrimento psicológico no contexto da pandemia da COVID-19. Membros de um só corpo, amados por um único amor".
"O documento propõe alguns elementos de reflexão para aqueles que estão próximos às pessoas afetadas pela pandemia e para todos aqueles que são chamados a acompanhá-las tanto dentro das famílias quanto dentro das estruturas de saúde", destaca-se.
"Uma maior equidade na proteção da saúde no mundo só pode ser alcançada através de um compromisso moral renovado de países com maiores recursos para com aqueles mais necessitados. É desejável que se consiga assegurar uma cobertura de saúde universal para todos os indivíduos e comunidades. Este é um objetivo urgente a ser alcançado a fim de construir um mundo mais justo e mais saudável, um mundo melhor, um mundo de paz que sonhamos e acreditamos ser ainda possível", conclui.
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