Diplomacia vaticana a serviço da Igreja e da família humana, reitera Dom Gallagher
Lisa Zengarini - Vatican News
Na base da diplomacia pontifícia existe “o vínculo indissociável entre a Igreja e a humanidade” e os valores que esta defende e persegue, “sempre estiveram presentes nas suas relações com os Estados”.
Foi o que recordou o secretário do Vaticano para as Relações com os Estados, arcebispo Dom Paul Gallagher, ao se pronunciar na tarde de segunda-feira, 10, na Universidade Maria Santissima Assunta (Lumsa) na apresentação do livro “100 anni con spirito di verità e fiducia. Relazioni diplomatiche tra la Repubblica di Lettonia e la Santa Sede Libera”. (“100 anos com espírito de verdade e confiança. Relações diplomáticas entre a República da Letônia e a Santa Sé Livre”, em tradução livre).
O que “dá substância e credibilidade” à ação diplomática da Santa Sé - sublinhou Dom Gallagher - é sua “conexão” com o bem da Igreja e da família humana. O seu objetivo, de fato, é a prossecução dos valores fundamentais da pessoa e da comunidade humana em todas as suas dimensões: do "valor incondicional" da vida e da dignidade humana àquele "único e insubstituível" da família, à justiça social, à paz e à liberdade religiosa.
Se “a Igreja admite as multiplicidades e diversidades legítimas” do mundo laico - explicou o secretário para as Relações com os Estados - ela “deve manter distância de um pluralismo entendido como relativismo moral” que acaba por corroer a democracia.
“Hoje, infelizmente - continuou Dom Gallagher - prevalece a ideia equivocada de que é a lei que determina a ética e não a ética a ter a primazia”. Nesse sentido, os cristãos são chamados a fazer com que a lei "esteja arraigada na objetividade da natureza, antes que na subjetividade da vontade do legislador ou, pior, na popularidade da cultura dominante".
Eis porque - sublinhou - que a Santa Sé, por meio de sua atividade diplomática, nunca deixará de apoiar a voz das Igrejas locais na defesa da visão cristã do homem que tem “demonstrado ao longo dos séculos ser muito mais dinâmica e realista” do que outras visões ideológicas de curto prazo. Sem um horizonte ético e uma referência ao transcendente, de fato “nenhuma construção ou reconstrução da civilização humana será possível”.
E foi precisamente a capacidade de permanecer ancorada nesta dimensão transcendente, com a "força de uma cultura permeada pela fé cristã" - observou Dom Gallagher - que permitiu à Letônia renascer e encontrar a liberdade perdida após décadas sob o jugo soviético. Aspectos esses, frisou, destacados por São João Paulo II - e mais tarde pelo Papa Francisco - por ocasião da histórica Viagem Apostólica de 1993, após o restabelecimento das relações diplomáticas do país com a Santa Sé, e de 2018 pelo centenário da independência.
A apresentação do livro contou com a presença, entre outros, do vice-primeiro-ministro da Letônia, Jānis Bordāns e ministro da Justiça responsável pelos Assuntos Religiosos, em representação do presidente Egils Levits, recebido em audiência na segunda-feira, 10, pelo Papa Francisco.
Repassando os momentos marcantes das relações diplomáticas entre a Santa Sé e a República da Letônia ao longo destes cem anos, Bordans quis recordar o apoio constante dado pela Sé Apostólica à Letônia, especialmente durante os anos de opressão soviética. O ministro sublinhou a seguir o espírito de colaboração que tem caracterizado as relações entre o Estado e a Igreja na República da Letônia nestes trinta anos de independência.
O livro foi escrito e organizado pelo padre Mikhail Volohov e pela professora Inese Runce, em colaboração com a Secretaria de Estado da Santa Sé, o Comitê Pontifício para as Ciências Históricas e o Arquivo Nacional da Letônia, e reúne uma série de documentos de arquivo inéditos sobre as relações entre a Letônia e a Santa Sé nos anos entre 1918-1958.
Vatican News Service - LZ
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