Santa Sé e Geórgia: 30 anos de relações bilaterais
Mario Galgano - Cidade do Vaticano
Neste domingo, 26 de junho, o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos promove um concerto musical especial, em um ambiente extraordinário: o Coral da Catedral patriarcal de Tbilisi se apresentará na Capela Sistina. A embaixadora da Geórgia junto à Santa Sé, princesa Kéthévane Bagration, explica ao Vatican News como nasceu esta ideia:
"Este coral é um dom que o Patriarca Elias II faz ao Papa, em resposta à sua Carta, que lhe foi enviada há três anos, na qual Francisco o convidava para visitar o Vaticano. Trata-se de um evento muito especial. Devido à pandemia, esta visita foi adiada várias vezes. Agora, as atuais condições de saúde do Patriarca da Igreja Ortodoxa Georgiana não lhe permitem vir pessoalmente a Roma. Elias II sente muito não poder encontrar o Papa. Por isso, como sinal de reconhecimento, envia o Coral da Catedral patriarcal de Tbilisi, composto por 35 pessoas".
Programa das celebrações
O concerto deste domingo não faz parte, diretamente, das comemorações do aniversário das relações bilaterais, porque a apresentação oficial do coral será na próxima segunda-feira, 27, na Embaixada da Geórgia na Itália. Esta iniciativa tem o objetivo de fortalecer as relações diplomáticas entre os dois Estados, mas também frisar a importância do diálogo entre as duas Igrejas e o valor da arte.
Até o momento, o programa do aniversário das relações diplomáticas contou com várias comemorações: no último dia 25 de maio foi realizada em Roma uma exposição particular de uma artista georgiana, que expôs seus quadros pintados com vinho. Os convidados de um “master class” tentaram fazer a mesma coisa sob a guia da especialista.
Na entrevista que a embaixadora nos concedeu, ela recordou que, precisamente há um ano, a presidente da Geórgia, Salomé Zurabishvili, visitou o Vaticano e encontrou o Papa Francisco. Na ocasião, a presidente da Geórgia assinou com o cardeal Gianfranco Ravasi, então presidente do Pontifício Conselho para a Cultura - hoje Dicastério para a Educação e a Cultura -, um memorando ou nota diplomática com o intuito de fortalecer a mútua colaboração, que envolveu, de modo particular, o Pontifício Instituto de Música Sacra e o Instituto Superior de Música Sacra de Tbilisi:
"A partir destes pressupostos, podemos prever, agora, também um intercâmbio entre alunos: poder enviar os nossos alunos, que já atingiram um nível elevado, para fazer um curso de verão, no qual, por exemplo, poderão aprender a usar o órgão da igreja, um instrumento que, na realidade, usamos muito pouco. O povo georgiano é muito musical".
Magistério de Francisco na Geórgia
De fato, em quase todas as casas dos georgianos há um piano, canta-se muito e se ouve música. Daí, o diálogo diplomático com o Vaticano se concentra, de modo especial, na cultura e, sobretudo, na música. Outro aspecto interessante deste diálogo consiste na encíclica “Laudato si'” do Papa Francisco, sobre a qual nos fala ainda a embaixadora georgiana:
“A ‘Laudato si' foi bem recebida por todo o povo da Geórgia: graças à tradução que o Núncio em Tbilisi fez em georgiano, a encíclica do Papa caiu em terreno fértil. Os ortodoxos georgianos estão comprometidos, há anos, com a defesa da Criação".
Na Geórgia foram também organizadas conferências sobre a “Laudato si'”, uma das quais promovida pela Embaixada junto à Santa Sé, com referência particular a “Máximo, o Confessor”, monge e teólogo cristão de Constantinopla, considerado um dos Padres da Igreja grega oriental. Isto demonstra quanto a encíclica do Papa está em harmonia com a longa tradição cristã.
[A embaixadora da Geórgia expressou seu desejo de que a cooperação entre ambas as Igrejas, a Santa Sé e a Geórgia, possa produzir mais frutos. No atual contexto da guerra na Europa, isso se tona mais importante do que nunca.
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