Processo vaticano, encerrado interrogatório dos réus. Pignatone: espaço dado a todos
Salvatore Cernuzio – Vatican News
Com um interrogatório de cerca de três horas ao advogado Nicola Squillace, durante o qual o advogado do corretor Gianluigi Torzi falou - como já havia feito em 8 de julho - sobre as negociações com os "senhores do Vaticano" referentes ao prédio de Londres e sobre os honorários não pagos pela Secretaria de Estado, foi aberta na quinta-feira, 29 de setembro, a vigésima sexta audiência do processo vaticano por supostos negócios ilícitos com os fundos da Santa Sé. Passa-se assim a uma nova fase nos processos judiciais em andamento desde 27 de julho e retomados na quarta-feira, 28 de setembro, após a pausa de verão, ou seja, a audição de testemunhas. Esta quinta-feira, o primeiro: Roberto Lolato, um especialista da Deloitte, consultor do Promotor de Justiça. Esta sexta-feira, por sua vez, a interrogação das partes a Alessandro Cassinis Righini, revisor geral. Ou seja, o Escritório do qual - como há de se lembrar - em julho de 2018 partiu a denúncia junto com o Ior que deu início às investigações do caso da negociação do imóvel da Sloane Avenue 60. Propriedade que, Lolato lembrou esta quinta-feira, foi vendida em 4 de dezembro de 2021 por um preço de 186 milhões de esterlinas.
As recomendações do presidente do Tribunal
A passagem dos réus para as testemunhas foi marcada pelas palavras do presidente do Tribunal vaticano, Giuseppe Pignatone: "O interrogatório dos réus foi feito dando o máximo de espaço possível a todos. Alguém poderia até pensar demasiadamente, admitindo tantas perguntas que não poderiam ser admitidas em vários aspectos... Foi apropriado fazê-lo. Ao iniciar os textos, depois de haver os autos, consultas, declarações, não temos que começar do zero". "Não é o processo italiano de acordo com o Código atual, é o Código de 1930", acrescentou Pignatone, referindo-se ao fato de que uma das características do antigo rito é que as provas não devem ser formuladas na sala do Tribunal. "Tomamos por lidos os documentos dos autos que todos nós conhecemos", reiterou o presidente, pedindo depois à acusação e à defesa que fizessem "perguntas direcionadas a contestações específicas": "Não podemos refazer tudo na íntegra, repetir o que já está nos autos. É do interesse de todos tentar seguir em frente".
Objeção de nulidade para Lolato
A audiência desta quinta-feira na Sala multifuncional dos Museus Vaticanos teve início às 9h45 e terminou às 14h em ponto (hora local), com uma pausa no meio e cerca de uma hora da Câmara do Conselho, durante a qual a Corte presidida por Giuseppe Pignatone teve que decidir se aceitava ou rejeitava a objeção de nulidade da defesa sobre a admissibilidade de Lolato na lista de testemunhas. Mais especificamente, a defesa se opôs ao fato de que, sendo um consultor da acusação, Lolato não se enquadra realmente na categoria de testemunhas. Para eles, ele é um especialista. E como, durante a investigação, sua utilização não envolveu a defesa, sua participação é nula. "Ele realizou atividades de investigação, embora não seja uma autoridade judicial", foi a objeção dos advogados. As provas, disseram eles, "são feitas no contraditório entre as partes, não podem ser formadas na sala do Tribunal". Na objeção - apresentada pelo advogado Bassi, defensor do ex-funcionário vaticano Fabrizio Tirabassi, e acompanhada por todos os advogados de defesa - foi solicitado, portanto, que os elaborados fossem declarados nulos, a retirada do contexto das testemunhas e que Lolato não fosse ouvido durante o processo.
Consultor técnico
O Promotor de Justiça, Alessandro Diddi, respondeu explicando que o especialista da Deloitte, ao invés, havia trabalhado no material adquirido pela polícia judiciária. "Não uma perícia", portanto, de acordo com a definição do Código atual que indica como atividade de especialista o exame de atos técnico-científicos, mas uma "mera reconstrução documental que pode ser realizada a qualquer momento". O Colégio julgador rejeitou a objeção de nulidade e estabeleceu em uma ordem que Lolato nunca foi qualificado como um perito, e sim como um "consultor técnico de parte". Ordenou, portanto, a exclusão da testemunha.
História e êxito do caso de Londres
Seu trabalho como consultor, foi explicado, girou em torno de quatro temas, divididos em várias fichas esquemáticas projetadas na parede, sempre relacionadas ao prédio da Sloane Avenue, ou seja, a história do imóvel, sua avaliação, o resultado da operação geral (ou seja, quanto custou à Secretário de Estado), e os 75 milhões de rendimento que o empresário Raffaele Mincione sempre negou. Em mais de uma hora, Lolato apresentou números e cifras, incluindo câmbios de moedas e avaliações, perícias e análises, do prédio da Sloane Avenue, corrigindo dados em alguns momentos e explicando que houve muitas mudanças no mercado a partir de 2012 - o ano em que o imóvel foi adquirido do Fundo Athena - até ser vendido por 186 milhões de esterlinas.
Lolato também explicou que, de acordo com sua última análise, o empréstimo que inicialmente pesava sobre o edifício da Chaine Capital, destinado a financiar a reestruturação do prédio com uma mudança de uso de comercial para residencial, havia sido extinto. A ideia era de ampliar dois andares acima e três no subterrâneo. Mincione havia explicado isto em detalhes em seu interrogatório. Mas, como é sabido, o projeto nunca se concretizou e, nesse espaço de tempo, a licença para as novas construções também expirou a validade. Ela expirou antes da venda, causando assim uma perda significativa.
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