Parolin: Ucrânia, de deserto volte a ser um jardim florescente
Paolo Ondarza, Silvonei José – Vatican News
Um sentido apelo "a não ceder à tentação da desilusão e da desconfiança" diante de quase nove meses de uma guerra que reduziu uma parte da Ucrânia a "escombros, esvaziada de pessoas, cheia de ruinas e envolta na escuridão". Palavras do cardeal Secretário de Estado Vaticano Pietro Parolin na Basílica Papal de Santa Maria Maior, celebrando na tarde desta quinta-feira (17/11), uma Missa pela paz, promovida pela Embaixada da Ucrânia junto à Santa Sé em colaboração com a Secretaria de Estado por ocasião do 30º aniversário do restabelecimento das relações diplomáticas entre a Ucrânia e a Sé Apostólica ocorrido em 8 de fevereiro de 1992.
Entre os escombros, uma estrada
Em "um cenário de morte, onde lágrimas e sangue escorrem no aperto cada vez mais doloroso do frio e da escuridão", a Palavra de Deus contradiz as evidências do "horror da guerra" e do fracasso dos esforços humanos. "Em meio aos escombros", o profeta Isaías, e mais geralmente o homem de Deus, "vislumbra um caminho de recuperação, de reconstrução: o deserto se tornará um jardim, que por sua vez se transformará em uma floresta exuberante". O deserto, observa o Secretário de Estado do Vaticano, "é uma das realidades mais inóspitas do planeta, símbolo do que parece irremediavelmente perdido".
Deus transforma o que parece perdido
É precisamente "quando se toca o fundo que se eleva o anúncio: não há situação tão comprometida que o Espírito de Deus não possa fazê-la ressurgir". Deus promete seu Espírito: "Ele transformará o que parece perdido". Daí a exortação de pedir ao Senhor "que derrame seu Espírito para libertar a humanidade do flagelo da luta armada". Deus, de fato, observa ainda Parolin, quer que todos vivam em harmonia, não se aniquilando, mas ajudando-se a crescer". O desejo divino é de "uma autêntica fraternidade humana".
Não ceder a rancores e vinganças
Entretanto, Jesus, continua o cardeal, interpela cada homem com perguntas chocantes: convida a dar a outra face. "Estas são palavras que dilaceram o coração daqueles que são vítimas da injustiça, podem chocar", mas não devem ser interpretadas como um convite do Senhor para "curvar-se diante da injustiça". Na verdade", prossegue o cardeal, "Ele não exige coisas injustas, nem impossíveis", mas pede nossa disposição: não é impossível quebrar o círculo vicioso da violência. O convite é à vigilância: a não ceder ao rancor: "se é legítimo nos defender daqueles que querem nos oprimir, é ainda mais legítimo nos defender do ódio e da vingança: "não se pode permitir que o mal externo acabe, enquanto o mal dentro de nós cresce". O exemplo é oferecido por Jesus, que "ao nos pedir, nos assiste", "tornando-nos capazes de semear vida onde outros espalham a morte".
De deserto a jardim
Convidando as pessoas a rezarem pela paz, justiça e segurança, o cardeal Parolin expressou então seu desejo de que a "martirizada Ucrânia", representada na Basílica por numerosos fiéis e por algumas bandeiras azuis e amarelas, "possa passar de deserto a um jardim florescente e se tornar uma floresta exuberante”.
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