Processo vaticano, mais testemunhas de acusação: investimentos errados em Londres
Salvatore Cernuzio – Vatican News
O presidente da cooperativa Osa, o ex-diretor administrativo do hospital Bambino Gesù e um consultor sênior da Secretaria para a Economia foram as três testemunhas chamadas na quinta-feira, 10 de novembro, pela acusação para a trigésima quinta audiência no processo pela gestão dos fundos da Santa Sé. A audiência durou pouco mais de três horas, como sempre, na Sala multifuncional dos Museus Vaticanos, e se concentrou principalmente na negociação do Prédio de Londres.
Interrogatório a Milanese
A primeira testemunha interrogada foi Giuseppe Milanese, especialista em doenças infecciosas e presidente da cooperativa Osa (Operatori Sanitari Associati), dedicada a assistir pessoas não autossuficientes no campo da assistência médica. O médico havia sido mencionado como uma pessoa próxima ao Papa por Fabrizio Tirabassi, um ex-funcionário do Escritório administrativo da Secretaria de Estado, agora réu. Milanese está entre as pessoas totalmente alheias aos supostos delitos que foram ouvidas durante as investigações. Entre estas, também o advogado Emanuele Intendente e Renato Giovannini, vice-reitor da Universidade Telemática Marconi. Foi precisamente este último que informou Milanese no final de 2018 sobre a negociação do prédio de Londres do qual o presidente da Osa nem sequer tinha conhecimento.
Os cavaleiros brancos e os cavaleiros negros
Giovannini e Intendente deram a Milanese sua própria "versão" dos fatos. Ou seja, que por um lado havia os "cavaleiros brancos", ou seja, eles dois mais Gianluigi Torzi, o corretor acusado no processo, e por outro, os "cavaleiros negros", aqueles que tinham criado um "sistema de mau negócio" a ser desmantelado. Ou seja, Tirabassi e o financeiro Enrico Craso, réu, um consultor histórico da Secretaria de Estado. Basicamente, a idéia era de que Torzi poderia ter trazido uma solução para o "problema" do Prédio que havia causado à Santa Sé a perda de "somas importantes", a qual, no entanto, foi "dificultada" na conclusão do acordo. A fase referida é a da passagem do fundo Gof de Raffaele Mincione (réu) para a Gut de Torzi, que - como é sabido - reteve mil ações com direito a voto que lhe deram o controle absoluto do imóvel e que pediu à Santa Sé cerca de 12 milhões de euros (dos 3 milhões de euros iniciais estabelecidos) para sair do negócio.
Possíveis "danos importantes"
Se "a operação não se concluísse, o Vaticano teria sofrido danos importantes", disse Milanese. Esperava-se um "apoio" dele para uma solução: "A primeira ajuda que eu poderia dar - disse ele na sala do tribunal - era desfazer os nós". Nada mais. Por isso, em uma ocasião, enviou uma mensagem ao substituto da Secretaria de Estado, dom Edgar Peña Parra, dizendo que não estava mais claro "quem são os amigos e quem são os inimigos": "O substituto estava tentando entender, ele estava bastante preocupado com uma situação que não estava sendo resolvida". Pela mesma razão, quando Milanese foi convidado a participar das reuniões em Londres para a assinatura do contrato de passagem para a Goff, ele se recusou, dizendo que "não fazia sentido para um médico participar de questões onde era necessário um advogado".
A partir de 5 de janeiro de 2019, após várias reuniões, discussões e anotações feitas "em folhas de cartão", o médico se retirou de todo o caso. "Parece-me entender que fui instrumentalizado provavelmente por causa de minha amizade com o Santo Padre", disse ele. "Sinto muito expô-lo, mas acho que fui chamado não como um especialista, mas como um amigo do Papa".
Breve interrogatório a Perno
Antonio Perno, ex-diretor administrativo do Hospital Bambino Gesù, foi em seguida ouvido no tribunal por alguns minutos. Ele garantiu que nunca havia recebido propostas para comprar um imóvel a poucos passos da Praça São Pedro para ampliar o espaço "saturado" do hospital.
As declarações de Madsen
Por sua vez, o interrgatório a Robert Lee Madsen, 80 anos, 50 anos de experiência no mundo das finanças, primeiro chefe de investimentos na Apsa, depois chamado em 2015 pela Secretaria para a Economia como consultor sênior, durou cerca de uma hora. O especialista estadunidense falou dos encontros na Secretaria de Estado com Tirabassi e o então chefe do Escritório Administrativo, monsenhor Alberto Perlasca, e os gestores que vinham representar as possibilidades de investimento: "Eles trabalharam bem, com produtos padrão, uma tipologia não agressiva". Tirabassi, com quem houve "uma boa colaboração", pediu-lhe conselhos sobre o hipotético negócio de petróleo em Angola com o fundo Centurion de Raffaele Mincione (réu). Ele me deu a impressão de que alguém acima dele estava pedindo informações", explicou, "eu disse não". O especialista financeiro falou então de um "plano de reembolso" que ele propôs a Tirabassi e Perlasca diante do "endividamento" da Secretaria de Estado de quase 212 milhões.
Investimentos imobiliários
Os advogados da parte civl pediram a Madsen para prestar contas de algumas palavras em um relatório sobre Peña Parra ter sido "enganado" e que o caso de Londres tinha sido um "desastre". "Falei duas vezes com o substituto, disse que havia sido cometido um erro e que ele deveria ter o assunto estudado por pessoas independentes, não as mesmas que haviam criado o problema". A referência era a Perlasca e Tirabassi, que não eram "especialistas" no ramo imobiliário e cujas "regras do jogo" precisavam ser conhecidas.
Madsen também mencionou a compra de um imóvel também em Londres, mas na High Street Kensington, feita entre 2016 e 2017 pela Apsa a 51% e o Fundo de Pensão a 49%. Cerca de 90 milhões cada um, foi dito. Ambas as entidades eram então presididas pelo cardeal Domenico Calcagno. O cardeal George Pell, ex-prefeito da Spe, se opôs firmemente: "Por que o Fundo de Pensão deve pagar 49% quando deve pensar em pagar as pensões?", teria dito o purpurado, segundo a testemunha. Que disse não ter "dados específicos" sobre o resultado do investimento, mas lembrou que o resultado não foi positivo.
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