Busca

Papa Francisco reza diante da imagem de Nossa Senhora em Fátima, 12 de maio de 2017. Papa Francisco reza diante da imagem de Nossa Senhora em Fátima, 12 de maio de 2017. 

A intercessão de Maria e Papa Francisco

“Retira o sol e onde estaria o dia? Tira Maria e o que restará, senão a noite mais escura?”; “Lembre-se que neste mundo te jogam para um mar agitado; você não está caminhando sobre terra firme. Lembre-se que se não quiser se perder no mar, você deve manter os olhos fixos na estrela brilhante e chamar Maria”. (São Bernardo de Claraval)

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Ouça e compartilhe

“E assim começamos a rezar a Ela com algumas expressões que lhe são dirigidas, presentes nos Evangelhos: “cheia de graça”, “bendita sois vós entre as mulheres”. Em breve, à oração da Ave-Maria seria acrescentado o título “Theotokos”, “Mãe de Deus”, sancionado pelo Concílio de Éfeso. E, analogamente ao que acontece no Pai-Nosso, depois do louvor acrescentamos a súplica: pedimos à Mãe que reze por nós, pecadores, para que interceda com a sua ternura, “agora e na hora da nossa morte”. Agora, nas situações concretas da vida, e no momento final, a fim de que nos acompanhe - como Mãe, como primeira discípula - na passagem para a vida eterna. (Papa Francisco)”

"Rezar em comunhão com Maria": este foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral de 24 de março de 2021, transmitida da Biblioteca do Palácio Apostólico devido à pandemia. "Maria- reiterou ele -  está sempre presente, ao nosso lado, com a sua ternura maternal". E recordava, que "da mediação única de Cristo adquirem significado e valor as outras referências que o cristão encontra para a sua oração e devoção, em primeiro lugar à Virgem Maria, Mãe de Jesus. Ela ocupa um lugar privilegiado na vida e, portanto, também na oração do cristão, porque é a Mãe de Jesus (...). Na iconografia cristã a sua presença está em toda a parte, às vezes até com grande destaque, mas sempre em relação ao Filho e em função d'Ele. As suas mãos, o seu olhar, a sua atitude são um “catecismo” vivo e indicam sempre o âmago, o centro: Jesus. Maria está totalmente voltada para Ele".

 

Depois de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Pe. Gerson Schmidt* nos propõe hoje uma reflexão sobre "Intercessão de Maria e Papa Francisco":

"O Capítulo oitavo da Lumen Gentium é dedicado a Maria, mergulhada na identidade e missão da Igreja. Nesse capitulo, em relação à Maria, o documento conciliar usa o termo “multiforme intercessão”. No número 62 da Lumen Gentium fala dessa intercessão de Maria Santíssima com as seguintes palavras: “Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura sem interrupção, desde o consentimento, que fielmente deu na anunciação e que manteve inabalável junto à cruz, até à consumação eterna de todos os eleitos. De fato, depois de elevada ao céu, não abandonou esta missão salvadora, mas, com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna. Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada”. Maria, portanto, continua a alcançar aos seus filhos os dons da salvação eterna, pelos méritos não dela, mas de seu único Filho Salvador.

O Papa Francisco, em seu primeiro livro, ensaiando alguns temas de suas encíclicas e seu Pontificado, escreve assim sobre a Intercessão de Maria, num subtítulo em que dá esse destaque: “Na cruz, quando Cristo suportava em sua carne o dramático encontro entre o pecado do mundo e a misericórdia divina, pode ter a seus pés a presença consoladora da Mãe e do amigo. Naquele momento crucial, antes de declarar consumada a obra que o Pai lhe havia confiado, Jesus disse à Maria: “Mulher, eis o teu filho”. E logo a seguir, disse ao amigo bem amado: “Eis a tua mãe”. Essas palavras de Jesus, no limiar da morte, não exprimem primeiramente uma terna preocupação com sua mãe; mas são, antes, uma fórmula de revelação que manifesta uma missão salvadora especial. Jesus nos deixava a Sua mãe como nossa mãe. Esó depois de fazer isso é que pode sentir que “tudo se consumara”. Ao pé da cruz, na hora suprema da nova criação, Cristo nos conduz a Maria; nos conduz a Ela, porque não quer que caminhemos sem uma mãe; e, nesta imagem materna, o povo lê todos os mistérios do Evangelho. Não é do agrado do Senhor que falte à sua Igreja o ícone feminino”(p. 108).

Há um fato bíblico inegável onde vemos claramente a intercessão de Nossa Senhora para que o primeiro milagre de Cristo acontecesse, ou seja, nas bodas de Caná da Galileia, onde por intermédio do pedido da mãe, Cristo antecipa a sua hora de agir transformando água em vinho. O primeiro milagre de Jesus foi realizado depois de um pedido de Sua mãe. Foi numa festa de casamento e o olhar atento e feminino de Maria percebeu que o vinho estava no fim (João 2, 1-12). A princípio Jesus respondeu que sua hora ainda não havia chegado, mesmo assim ela disse aos que estavam servindo: “Fazei o que Ele vos disser”. Como ela intercedeu naquelas bodas da festa de um casamento, continua a interceder pela sua Igreja e por todos os seus filhos, recebidos ao pé da cruz por Jesus que entregou sua Mãe como Mãe da Igreja e da humanidade inteira. Nas Catacumbas de São Pedro e São Marcelino há uma pintura de Pedro e Paulo com Maria ao centro com as mãos erguidas ao céu em oração, sugerindo a intercessão da Mãe pela Igreja Primitiva, fundada nessas colunas de Pedro e Paulo.

Nas palavras de São Bernardo de Claraval: “Retira o sol e onde estaria o dia? Tira Maria e o que restará, senão a noite mais escura?”; “Lembre-se que neste mundo te jogam para um mar agitado; você não está caminhando sobre terra firme. Lembre-se que se não quiser se perder no mar, você deve manter os olhos fixos na estrela brilhante e chamar Maria”. Santo Afonso de Ligório, um grande doutor da Igreja e conhecido pela sua profunda devoção à Santíssima Mãe, escreveu uma obra importantíssima: As glórias de Maria. Nela, ele disse: “Se Assuero salvou os judeus porque amava Ester, como pode Deus, que ama Maria imensamente, não ouvi-la quando ela ora pelos pecadores que se recomendam a ela?” Que a resposta a essa pergunta possa fazer questionar a nossa mente e coração."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

03 outubro 2023, 09:29