A intercessão de Maria e Papa Francisco
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
"Rezar em comunhão com Maria": este foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral de 24 de março de 2021, transmitida da Biblioteca do Palácio Apostólico devido à pandemia. "Maria- reiterou ele - está sempre presente, ao nosso lado, com a sua ternura maternal". E recordava, que "da mediação única de Cristo adquirem significado e valor as outras referências que o cristão encontra para a sua oração e devoção, em primeiro lugar à Virgem Maria, Mãe de Jesus. Ela ocupa um lugar privilegiado na vida e, portanto, também na oração do cristão, porque é a Mãe de Jesus (...). Na iconografia cristã a sua presença está em toda a parte, às vezes até com grande destaque, mas sempre em relação ao Filho e em função d'Ele. As suas mãos, o seu olhar, a sua atitude são um “catecismo” vivo e indicam sempre o âmago, o centro: Jesus. Maria está totalmente voltada para Ele".
Depois de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Pe. Gerson Schmidt* nos propõe hoje uma reflexão sobre "Intercessão de Maria e Papa Francisco":
"O Capítulo oitavo da Lumen Gentium é dedicado a Maria, mergulhada na identidade e missão da Igreja. Nesse capitulo, em relação à Maria, o documento conciliar usa o termo “multiforme intercessão”. No número 62 da Lumen Gentium fala dessa intercessão de Maria Santíssima com as seguintes palavras: “Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura sem interrupção, desde o consentimento, que fielmente deu na anunciação e que manteve inabalável junto à cruz, até à consumação eterna de todos os eleitos. De fato, depois de elevada ao céu, não abandonou esta missão salvadora, mas, com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna. Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada”. Maria, portanto, continua a alcançar aos seus filhos os dons da salvação eterna, pelos méritos não dela, mas de seu único Filho Salvador.
O Papa Francisco, em seu primeiro livro, ensaiando alguns temas de suas encíclicas e seu Pontificado, escreve assim sobre a Intercessão de Maria, num subtítulo em que dá esse destaque: “Na cruz, quando Cristo suportava em sua carne o dramático encontro entre o pecado do mundo e a misericórdia divina, pode ter a seus pés a presença consoladora da Mãe e do amigo. Naquele momento crucial, antes de declarar consumada a obra que o Pai lhe havia confiado, Jesus disse à Maria: “Mulher, eis o teu filho”. E logo a seguir, disse ao amigo bem amado: “Eis a tua mãe”. Essas palavras de Jesus, no limiar da morte, não exprimem primeiramente uma terna preocupação com sua mãe; mas são, antes, uma fórmula de revelação que manifesta uma missão salvadora especial. Jesus nos deixava a Sua mãe como nossa mãe. Esó depois de fazer isso é que pode sentir que “tudo se consumara”. Ao pé da cruz, na hora suprema da nova criação, Cristo nos conduz a Maria; nos conduz a Ela, porque não quer que caminhemos sem uma mãe; e, nesta imagem materna, o povo lê todos os mistérios do Evangelho. Não é do agrado do Senhor que falte à sua Igreja o ícone feminino”(p. 108).
Há um fato bíblico inegável onde vemos claramente a intercessão de Nossa Senhora para que o primeiro milagre de Cristo acontecesse, ou seja, nas bodas de Caná da Galileia, onde por intermédio do pedido da mãe, Cristo antecipa a sua hora de agir transformando água em vinho. O primeiro milagre de Jesus foi realizado depois de um pedido de Sua mãe. Foi numa festa de casamento e o olhar atento e feminino de Maria percebeu que o vinho estava no fim (João 2, 1-12). A princípio Jesus respondeu que sua hora ainda não havia chegado, mesmo assim ela disse aos que estavam servindo: “Fazei o que Ele vos disser”. Como ela intercedeu naquelas bodas da festa de um casamento, continua a interceder pela sua Igreja e por todos os seus filhos, recebidos ao pé da cruz por Jesus que entregou sua Mãe como Mãe da Igreja e da humanidade inteira. Nas Catacumbas de São Pedro e São Marcelino há uma pintura de Pedro e Paulo com Maria ao centro com as mãos erguidas ao céu em oração, sugerindo a intercessão da Mãe pela Igreja Primitiva, fundada nessas colunas de Pedro e Paulo.
Nas palavras de São Bernardo de Claraval: “Retira o sol e onde estaria o dia? Tira Maria e o que restará, senão a noite mais escura?”; “Lembre-se que neste mundo te jogam para um mar agitado; você não está caminhando sobre terra firme. Lembre-se que se não quiser se perder no mar, você deve manter os olhos fixos na estrela brilhante e chamar Maria”. Santo Afonso de Ligório, um grande doutor da Igreja e conhecido pela sua profunda devoção à Santíssima Mãe, escreveu uma obra importantíssima: As glórias de Maria. Nela, ele disse: “Se Assuero salvou os judeus porque amava Ester, como pode Deus, que ama Maria imensamente, não ouvi-la quando ela ora pelos pecadores que se recomendam a ela?” Que a resposta a essa pergunta possa fazer questionar a nossa mente e coração."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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