Biblioteca Apostólica inaugura exposição "Souvenirs de Babel"

Vatican News

Na Kirk Kerkorian Exhibition Hall da Biblioteca Apostólica do Vaticano é inaugurada neste 1° de março a quinta exposição dedicada ao diálogo entre o seu patrimônio e a arte contemporânea, representada desta vez pela obra do francês Alain Fleischer.

Os visitantes terão um primeiro impacto diante de uma ampliação da imagem símbolo da exposição: a Torre de Babel publicada por Athanasius Kircher em 1679, colocada acima do arco de entrada.

“É à luz desta vívida imagem bíblica (Gen. 11, 1-9) – explica o bibliotecário monsenhor Angelo Vincenzo Zani – que Alain Fleischer, fotógrafo, diretor e escritor, convida os visitantes a entrar nas salas da nossa Biblioteca do Vaticano. Como em uma nova Babel, onde se encontram  reunidos todos os vestígios, até aos mais distantes e mínimos, daquela ‘dispersão’ decretada por Deus em relação aos homens, que procuravam ‘fazer nome’ sozinhos”.

Imagem da mostra "Souvenirs de Babel"

Uma experiência imersiva

O itinerário expositivo prossegue subindo a escadaria, onde o público poderá mergulhar na história da Biblioteca graças a um mosaico fotográfico repleto de imagens provenientes do Arquivo Fotográfico, do Arquivo da Biblioteca e do fundo da Coleção Geral de Fotografias, aos quais se somam também aquelas de outras coleções “menores”, alternando com outras obras inéditas criadas pelo artista.

No topo da escadaria será possível mergulhar no universo poético de Fleischer por meio de uma seleção das obras mais emblemáticas da sua carreira, enquanto outras, especialmente criadas para esta ocasião, estão expostas nas salas seguintes, onde são acompanhadas por uma ampla seleção de fotografias históricas da Biblioteca e moldes de antigas estelas árabes e chinesas.

Por fim, uma experiência verdadeiramente envolvente foi criada por Fleischer para a famosa Sala Barberini, na qual, apesar da ausência de volumes físicos, as vozes dos livros ali preservados durante séculos serão mais uma vez vistas e ouvidas.

Fotos da mostra "Souvenirs de Babel"

A importância da documentação fotográfica

Uma instalação site-specific de grande impacto emocional, que pela primeira vez explica a dupla natureza de biblioteca e de teatro da "Barberini". Esta proposta do artista é acompanhada por aquela do trabalho historiográfico realizado pelos curadores com a preciosa ajuda dos colegas do Arquivo Fotográfico da Biblioteca, que sublinham como esta exposição tenha permitido recordar a importância da documentação fotográfica: "Quer se queira considerar a fotografia como a expressão visual da estratificação histórica de uma arquitetura, ou considerando-a como um instrumento de reflexão sobre os espaços ou mesmo um local de cristalização da memória, ela é um bem precioso que deve ser preservado para transmitir ao futuro gerações gerações a memória dos lugares, mas também das pessoas que os projetaram e habitaram”.

Um caminho que na sua especificidade se mantém, no entanto, fiel à intuição inicial, assim resumida pelo bibliotecário Zani: “Se há, de fato, um aspecto que as nossas exposições em diálogo com a arte contemporânea têm - e acredito fortemente que têm - é despertar intuições, fazer brilhar conexões, apontar caminhos. São verdadeiras pesquisas científicas e, ao mesmo tempo, promovem outras pesquisas, muito mais estruturadas e completas, contribuindo como poucas iniciativas para o autoconhecimento da Instituição".