Brasileiros ganham bênção do Papa para as próximas edições do "Com Deus, Tem Jeito"

Andressa Collet - Vatican News 

Uma delegação de brasileiros se encontrou com o Papa ao final da Audiência Geral desta quarta-feira (27). Entre eles, estava a cofundadora da Obra Lumen, Lívia Cartaxo, que recordou ao Pontífice que o projeto de evangelização "Com Deus, tem Jeito" nasceu de um próprio pedido seu, em 2016, no Ano da Misericórdia. Os missionários acabaram de realizar mais uma edição da iniciativa, a primeira deste ano de 2024. Foi no último sábado (23), desta vez fora do Brasil, em Lisboa, Portugal. E contaram tudo para o Papa, num momento rápido, mas intenso com a bênção num belo português, como contou Lívia:

"Ele veio, nós pegamos a mãozinha dele, olhamos profundamente no olho dele muito amoroso e falamos que tivemos em Lisboa, em mais uma edição do encontro 'Com Deus, tem Jeito' e na mesma hora ele falou: 'Deus vos abençoe'. Depois que eu me toquei que ele falou em português, né? Teve o cuidado de falar do nosso idioma."

A delegação brasileira que encontrou o Papa Francisco nesta quarta-feira (27)

As próximas edições em São Paulo, Ceará e Bahia

Os missionários ganharam uma bênção especial para as próximas edições da iniciativa que procura acolher os moradores de rua. Já estão confirmadas as edições nas cidades de Itapetininga-SP, em junho; em Fortaleza-CE no mês de julho; e em Salvador-BA em agosto. Essa obra concreta de misericórdia no Brasil tem reunido mais de 400 carismas, comunidades e movimentos, além dos próprios moradores em situação de rua, e já alcançou mais de 120 cidades de 18 estados do país. Até hoje "Com Deus, tem Jeito" já resgatou das ruas e acolheu cerca de 7 mil pessoas, transformando milhares de vidas, como relembrou Lívia:

"O encontro 'Com Deus, tem Jeito', com toda a comunhão de carismas, da comunhão eclesial, nasceu no ano de 2016, quando nós vimos na abertura do Ano da Misericórdia, o Papa pedindo um milhão, diversos números de projetos que realizassem obras de misericórdia. E aí, quando nós sentimos no coração de fazer isso, em comunhão de carismas, receber todos os anos a carta do Papa e hoje ter tido a graça de vê-lo, de tocá-lo e de mostrar no portfólio, documentos, registros, falas dos irmãos, é devolver para ele aquilo que ele pediu para nós enquanto Igreja."

Do abandono e das drogas, passam a ver Deus

A preocupação não é que os moradores de rua sejam evangelizados naquele dia do encontro, explicou Lívia, ao falar sobre o processo de conversão. O importante é saber da experiência de ser amado por Deus, como aconteceu em Lisboa, onde, sim, existem pessoas em situação de rua, como confirmou Marcus Brito, da Obra Lumen, quando visitaram estações de metrô, por exemplo:

"Diversas realidades e o que normalmente nos diziam: são os migrantes, são os migrantes, mas não: os portugueses também estavam lá, na sua terra e também sofrendo esse abandono, e por várias questões e situações da vida, mas que precisavam ser amados e não só serem amados, mas também se sentirem e se reconhecerem como filhos de Deus. E essa foi a experiência, muito simples, mas que foi transformando a nossa vida e acredito que a vida de muitos deles."

Segundo Marcus, após o período pastoral de preparação de três meses antes do evento do último sábado (23), mais de 15 nacionalidades estiveram presentes. Mas o anúncio é o mesmo, independente da língua, acrescentou ele. Basta se pensar na experiência de Pedro Nery, também da Obra Lumen que encontrou o Papa na Audiência Geral, que ficou 2 anos na Guiné-Bissau. Junto com a Casa do Menor, numa unidade carismas, o missionário esteve presente em Bambadinca, uma pequena e desafiadora aldeia no centro do país. Antes do período de missão, porém, Pedro chegou a morar numa casa que acolhia justamente as pessoas resgatadas nas ruas pelo projeto de evangelização, garantindo que "Com Deus, tem Jeito":

"E dava uma perspectiva de segurança e de uma mudança de vida, de comportamento, de valores. De drogas e vícios eles passam a ver Deus, a ter um encontro pessoal com Deus ali nas casas, nos momentos de oração e de família. Isso porque nós somos uma família, quando nós acolhemos, nós trazemos eles pra dentro da nossa casa."

Pedro Nery, que ficou 2 anos em missão na Guiné-Bissau, também encontrou o Papa