Cardeal Mario Grech (E) e Irmã Maria Ignazia Angelini no retiro que precede a abertura do Sínodo Cardeal Mario Grech (E) e Irmã Maria Ignazia Angelini no retiro que precede a abertura do Sínodo  (ANSA)

Grech: a Igreja é de Deus, não é um produto de nossas ações

No primeiro dos dois dias de retiro que antecedem a assembleia que tem início no dia 2 de outubro, o cardeal secretário-geral do Sínodo convida os participantes a despojarem-se de “abordagens e esquemas pré-estabelecidos”: confiamos esta segunda reunião a Maria, ela é o modelo de escuta que deve caracterizar o trabalho das próximas semanas

Alessandro De Carolis - Cidade do Vaticano

Um primeiro ponto é a oração, sem ela as mudanças na Igreja são na verdade “mudanças de grupo”. Depois, a entrega a Nossa Senhora, sem a qual a Igreja "seria o que infelizmente parece a muitos: nada mais que uma organização". O cardeal Mario Grech congrega duas citações pela semelhança de conteúdo - a primeira do Papa, a segunda extraída de um documento dos bispos alemães de 1979 - para realçar um significado e um modelo a ter claramente presente na véspera de a segunda reunião sobre a sinodalidade que tem início na quarta-feira, 2 de outubro.

Em "solo sagrado"

 

O cardeal secretário-geral do Sínodo fala durante a primeira das duas manhãs do retiro que envolve, nesta segunda e na terça-feira, os participantes do segundo encontro sobre sinodalidade. “O protagonista do Sínodo é o Espírito Santo” e se não está presente “não haverá Sínodo” repete o purpurado com as palavras de Francisco de alguns anos atrás. A consciência deve ser aquela que Moisés teve diante da sarça ardente, a humildade de saber que está em “terreno sagrado”.

Herança indivisa

 

Moisés tirar os sapatos, explica o cardeal Grech, é a imagem de um despojamento que também os participantes do Sínodo são chamados a fazer. “Nós nos despojamos - afirma - de 'roupas', abordagens e esquemas que talvez tivessem significado ontem, mas hoje se tornaram um peso para a missão e colocam em risco a credibilidade da Igreja (...). Devemos estar dispostos a despojamo-nos, pois a escuta é uma ação radical de despojamento diante dos outros e diante de Deus”.

Não obstante venhamos “de várias Igrejas locais, todas com as suas riquezas, todas com os seus desafios, todas empenhadas em renovar-se e em encontrar novos caminhos e uma nova linguagem para falar de Jesus aos homens e às mulheres de hoje”, nestes dias - observa o secretário geral do Sínodo -, “estamos 'sentados juntos' para preservar os bens da Igreja por meio de uma herança indivisa a ser partilhada com todos, ninguém excluído”.

Maria, ato constitutivo da Igreja

 

Nesta perspectiva de partilha e acolhida recíproca de pontos de vista e de sensibilidade, amadurece a proposta do cardeal Grech de confiar a segunda assembleia sinodal à proteção da Virgem.

“Maria é a Virgem que sabe ouvir, que acolhe a palavra de Deus com fé; fé, que foi para ela prelúdio e caminho para a maternidade divina".: neste caso a citação é tirada do Marialis Cultus de Paulo VI e do documento dos bispos alemães de 1979 o cardeal Grech tira uma passagem que ecoa o que o Papa disse ao regressar da Bélgica, durante o encontro com jornalistas que o acompanhavam no voo com destino a Roma, sobre o tema da superioridade da mulherr na Igreja. A Mãe de Jesus, afirmam os bispos, “representa o verdadeiro ato constitutivo da Igreja; tudo o que veio depois, o ministério apostólico, os sacramentos, o envio em missão ao mundo, pressupõe esta fundação mariana”.

O Rosário, oração do Sínodo

 

A esperança do secretário geral do Sínodo é que a Assembleia Sinodal que se inaugura seja aquela “terra boa onde a Palavra de Deus possa dar frutos abundantes”.

Neste mês de outubro dedicado a Maria, o convite é rezar assiduamente o Rosário durante os trabalhos sinodais”. A todos os participantes será entregue “uma coroa do Rosário, para que esta oração possa acompanhar-nos no caminho destes dias” po rmeio daquele “ruminar incessante sobre a Palavra de Deus” que o próprio Rosário propõe, “uma invocação que não se cansa de bater na porta."

Os mistérios desta oração, observa o cardeal Grech, percorrendo a vida de Jesus, ajudam a recolocá-lo no centro e a “gerá-lo ao mundo”. Com o Rosário aprendemos, como Maria, a ser discípulos e discípulas do Senhor”. Portanto, conclui o cardeal, “a Assembleia Sinodal que hoje inicia o seu caminho é um Pentecostes renovado, para que o Evangelho de Jesus possa continuar a fecundar a vida de toda a humanidade e possamos ser uma Igreja sinodal e missionária”.

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30 setembro 2024, 13:30