Correndo com um futuro cardeal pelas ruas de Roma
Giampaolo Mattei - Vatican News
“Santo Agostinho diz que cantar é rezar duas vezes: não sei o que ele teria dito se fosse um corredor, porque correr é um lugar de fraternidade, meditação e disponibilidade interior especial”. Foi com esse estilo de espiritualidade esportiva que o futuro cardeal Jean-Paul Vesco (que irá receber a púrpura no Consistório de 7 de dezembro) deu início a uma corrida - “um exercício fraterno do coração, do espírito e das pernas” - na manhã deste sábado (16/11) na Praça de São Pedro com a comunidade da Athletica Vaticana. Uma estreia verdadeiramente histórica para um cardeal maratonista.
A Oração do Maratonista, traduzida em 38 idiomas, e a Ave Maria pela Paz precederam a “largada”, no estilo da associação poliesportiva oficial da Santa Sé. Lado a lado com o cardeal eleito, ao longo de 10 quilômetros pelas ruas de Roma, estavam também atletas profissionais unidos pela amizade à Athletica Vaticana. Entre eles, em particular, duas jovens promessas do atletismo da Fiamme Gialle: Abaro e Umed, irmã e irmão, nascidos respectivamente em 2011 e 2008, originários da Etiópia e adotados pela família Caraccio quando ela tinha 3 anos e ele 5.
E quando menino, Vesco - nascido há 62 anos em Lyon - também tinha planos de ser um atleta profissional. Ele era especialmente forte em cross. Quando se tornou advogado, a corrida voltou a fazer parte da sua vida e, em Nova York, em 1989, ele alcançou seu recorde na maratona com 2h52': um tempo notável. Ingressou nos dominicanos em 1995 e é padre desde 2001, tendo abraçado a missão na Argélia, relançando-a após o assassinato do bispo Pierre Claverie pelos monges de Tibhirine em 1996. Desde dezembro de 2012, ele é bispo de Oran e, nos últimos três anos, arcebispo de Argel.
“Embora eu não seja mais um atleta de verdade agora”, diz o cardeal eleito Vesco, "fico feliz em compartilhar a experiência da Athletica Vaticana e também participei de algumas corridas na Argélia vestindo a camisa branca e amarela como uma experiência de encontro e diálogo com o mundo muçulmano". “Descobri que a motivação de correr essas longas distâncias não é competir com os outros, mas ouvir a si mesmo”, explica ele. “Correr é liberdade porque transforma qualquer rota, mesmo urbana, em amplos espaços abertos. Basta usar tênis de corrida para que o universo interno e externo supere seus limites”. Em particular, ele confidencia: “lembro-me de sentir uma forte consciência do chamado para seguir o Senhor em uma época em que minha vida era muito barulhenta para ouvi-lo em qualquer lugar que não fosse o ritmo da corrida no deserto”.
E foi uma experiência maravilhosa para dom Vesco “dar as boas-vindas à Athletica Vaticana em Oran, em 2022, para os Jogos do Mediterrâneo organizados na Argélia e nascidos precisamente para comunicar, através do esporte, uma mensagem de paz e diálogo entre religiões e culturas”, como o Papa escreveu na mensagem que lhe enviou para esta oportunidade esportiva de encontro e paz. Na manhã deste sábado (16/11), entre os participantes da corrida, estava Roberto Di Sante, que, no dia 3 de novembro, correu a Maratona de Nova York vestindo uma camiseta especial da Athletica Vaticana, com a palavra “paz” escrita na frente e uma frase do Papa Francisco nas costas: “Que o esporte construa pontes, derrube barreiras, promova a paz”.
O próximo encontro da “equipe do Papa” será no próximo sábado, 23 de novembro, na véspera da Maratona de Florença, para a Missa da Maratona na Basílica de Santa Maria Novella, às 18 horas.
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