Apelo das Igrejas Orientais para que bispos sequestrados na Síria não sejam esquecidos

Vatican News

Cerca de dez dias antes da festa da Páscoa das comunidades ortodoxas, celebrada em 2 de maio, os patriarcas greco-ortodoxo e sírio-ortodoxo de Antioquia recordaram Paul Yazigi e Youhanna Ibrahim, os dois bispos de Aleppo que desapareceram na Síria em 2013 em circunstâncias nunca esclarecidas.

As duas autoridades religiosas pediram aos fiéis das respectivas Igrejas para lerem, por ocasião do Domingo de Ramos, um comunicado elaborado especialmente para esta ocasião e que recordassem dos dois prelados nas suas orações por ocasião da festa da Páscoa.

A mensagem

“Em um dia como hoje, 22 de abril de 2013, nossos irmãos arcebispos de Aleppo Youhanna Ibrahim e Paul Yazigi foram sequestrados. Desde então, sua causa simboliza toda a tragédia vivida pelo ser humano no Oriente”, diz o comunicado conjunto.

“Hoje recordamos desses dois irmãos desaparecidos. Seu sequestro representa um dos mistérios desta época; de certa forma isso toca a própria essência do ser humano, em um mundo onde parece que seu valor tenha se tornado para alguns, insignificante. Eles foram sequestrados no retorno de uma missão humanitária. Eles eram e continuam a ser dois símbolos da presença cristã no Oriente. Muitos pretendem vangloriar-se da sua importância, que na realidade só tem valor nas palavras”.

“A memória deles está tão arraigada em nossos corações que nem mesmo os anos que passam podem arranhá-la. Apelamos à opinião pública local e internacional, lembrando que batemos a todas as portas da diplomacia, dos serviços de segurança, da representação política e social que encontramos em nosso caminho. E de onde não surgiram resultados significativos e seguros”.

Apelo à unidade

“Somos chamados hoje, como cristãos, a estarmos unidos, indo além de todas as afiliações particulares; devemos superar todos os acidentes da história e aspirar, com todas as nossas forças, à unidade cristã. Este duplo sequestro é a maior prova de que o que nos une em Cristo é muito maior do que os sedimentos da história que nos separam. Este duplo sequestro é a prova de que, como cristãos, compartilhamos um destino comum no Oriente. Um destino comum que partilhamos também com quem procura o rosto de Deus e a sua misericórdia e define Deus como Senhor da Vida e Senhor da ressurreição, não se colocando no seu lugar”.

Presença arraigada no Oriente

“Diante dessa falta de informações, diante dos sequestradores que se recusam a se identificar [...], e diante dos esforços infrutíferos dos serviços de inteligência, reafirmamos uma coisa: como cristãos de Machrek, estamos plantados neste Oriente e enraizados nele, até que tenhamos sangue em nossas veias. Estamos aqui confiando somente em Deus e em nossa esperança no Senhor da ressurreição. Aqui nos entregamos ao Senhor da ressurreição, que está conosco há dois mil anos. E estamos confiantes e acreditamos que sempre o será”.

Desaparecimento em 22 de abril de 2013

Segundo algumas fontes, nunca confirmadas oficialmente, os dois prelados foram mortos por um grupo jihadista em dezembro de 2016. O certo é que a pista deles foi perdida em 22 de abril de 2013, enquanto estavam na área entre Aleppo e a fronteira com a Turquia, possivelmente vítimas do grupo salafista Nour al-Din al-Zenki, financiado pela Arábia Saudita e os Estados Unidos. Os dois prelados, um dos quais era irmão do patriarca greco-ortodoxo Iohannes X de Antioquia, estavam em missão na tentativa de negociar a libertação de dois sacerdotes, pe. Michel Kayyal e pe. Maher Mahfouz, sequestrados em fevereiro do mesmo ano. No entanto, a investigação oficial nunca foi concluída, pois não foi possível encontrar os restos mortais dos dois padres.

Com Asianews