Semana Social na Argentina: bispos pedem salário decente para combater a pobreza
Vatican News
Criar trabalho com um salário decente que sustente o poder de compra, reafirmando que "os planos sociais são necessários na conjuntura atual, até a consolidação de modelos de economia popular sustentável": este é o pedido, e ao mesmo tempo o desafio, contido na mensagem final da Semana Social 2022 escrita pela Comissão de Pastoral Social da Conferência Episcopal Argentina.
Trabalho decente e integração para todos os argentinos
O evento, realizado dias atrás em Mar del Plata, teve como tema Integración y trabajo para una Patria de hermanos. Para os bispos, "um verdadeiro plano de desenvolvimento humano integral que inclua um projeto de repovoamento para atender à angustiante necessidade de terra, teto e trabalho que uma grande parte do povo tem" é essencial.
Ao mesmo tempo, existe uma "necessidade urgente de reconstruir a confiança em nosso país e de gerar acordos políticos, sociais e empresariais, buscando uma visão que supere a violência ligada à luta por espaços de poder e que nos permita focalizar nas necessidades e exigências reais" dos cidadãos.
Neste sentido, o episcopado se compromete a contribuir com "todos os esforços necessários para construir acordos que garantam trabalho decente e integração" para todos os argentinos.
Observatório da Dívida Social da Universidade Católica
Falando no encontro, o bispo de San Isidro e presidente da Conferência Episcopal, dom Óscar Vicente Ojea, citou dados do último relatório publicado pela Caritas em colaboração com o Observatório da Dívida Social da Universidade Católica: apenas 42% da população ativa tem acesso a um trabalho decente, enquanto 58% têm empregos precários, mal remunerados ou são desempregados.
Além disso, existem 5687 vilas ou bairros populares na Argentina, e o número de pobres e indigentes aumentou nos últimos anos: "Eis - disse o prelado – o cerne da pobreza. O fosso social entre nós se alargou".
Em sua mensagem para a Semana Social, a comissão episcopal enfatiza que o trabalho decente é "o grande ordenador da vida humana e da felicidade, o que significa que a possibilidade de acesso a ele não é um problema individual", mas "a consequência de um modelo que deve colocar a produção antes da especulação, a distribuição antes da concentração e do açambarcamento, o bem comum antes da rentabilidade setorial".
Concentração de riqueza: os ricos cada vez mais ricos
O empresário é "uma figura fundamental em qualquer boa economia: o verdadeiro empresário é aquele que conhece seus funcionários porque trabalha ao seu lado e com eles", lê-se ainda.
Durante o encontro, os bispos ouviram empresários e industriais, concluindo que "não se pode gerar emprego de boa qualidade sem uma presença ativa do Estado para apoiar as empresas, especialmente as pequenas e médias empresas", com a necessidade de construir consenso entre os setores público e privado e criar estabilidade nas regras. Oportunidades para isso poderiam ser desenvolvidas nos setores de alimentos, mineração, energia, turismo e serviços tecnológicos.
Mas são os dados sobre a desigualdade econômica que mais preocupam o episcopado argentino: "A excessiva concentração da riqueza em poucas mãos desestimula o emprego" e "ainda há um número inaceitável de irmãos na pobreza".
(L’Osservatore Romano)
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