COP24: violação do meio ambiente é ameaça aos direitos humanos
Cristiane Murray – Cidade do Vaticano
Igor Bastos – Katowice
No dia dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o meio ambiente domina a pauta desta segunda-feira, 10 de dezembro, na 24ª edição da Conferência do Clima da ONU, a COP24, em Katowice, na Polônia.
O comprometimento da Igreja
Organizações da sociedade civil e da Igreja lançam na cidade polonesa o plano final e o plano de ação do Fórum Social Temático sobre Mineração e a Economia Extrativista, fruto da reunião realizada em Johanesburgo em novembro.
O Frei Rodrigo Péret, do Serviço Franciscano de Justiça, Paz e Ecologia, defende que a necessidade da expansão dos bens comuns, já que a natureza, o clima, a água, os recursos e todas as formas de vida não estão à venda; são os bens comuns que temos que proteger e compartilhar com todos os povos e gerações futuras. O direito aos bens comuns e o respeito à sua preservação são um imperativo ético e a garantia de paz e justiça social.
De Katowice, Frei Rodrigo falou à Rádio Vaticano/Vatican News:
“A Igreja vem se preocupando há algum tempo com a questão da mineração, seus impactos e as violações dos direitos humanos. Sabemos também da importância de se rediscutir a mineração tendo em vista seus impactos na questão climática”.
“O carvão é uma realidade muito forte aqui na Polônia, mas também em relação a toda a indústria extrativista, principalmente os recursos e bens comuns que são utilizados na extração e que provocam uma série de outros impactos”.
“O encontro na África do Sul teve a presença de 60 países, 389 pessoas, 40% das quais eram ligadas a organizações cristãs, basicamente católicas. Isto mostra a importância e os resultados da formação da consciência a partir da Encíclica do Papa Francisco Laudato si. É-nos colocado um apelo para mudarmos nosso estilo de vida e viver com sobriedade, mas uma sobriedade que nos leve não a ‘ter menos’, mas a ‘ter mais daquilo que realmente conta e realmente é um valor’”.
“Sabemos que a mineração vem causando impactos, muitos deles irreversíveis nas comunidades, seja nos seus modos de vida, seja também em relação às gerações futuras com os impactos que ela causa na vida cotidiana e também no meio ambiente. O grande feito do Fórum é colocar comunidades afetadas, movimentos sociais, instituições, igrejas, em conjunto para buscar saídas e criar uma plataforma comum de trabalho e de uma agenda que possa fazer com que as transições e as alternativas que já estão sendo construídas em várias comunidades pelo mundo afora possam se articular e começar a se transformar num modelo alternativo a tantas dificuldades que nós temos vivido nestas últimas décadas a partir da economia extrativista”.
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