Santa Missa com a comunidade filipina, no domingo 14 de março Santa Missa com a comunidade filipina, no domingo 14 de março 

A caminho de uma sinodalidade

"Sinodalidade significa andar juntos por uma mesma estrada, momento de encontro, de diálogo, de assembleia com a finalidade de criar sintonia em torno de decisões a serem tomadas. Vem do conceito sínodo: de sun (junto), odos (via). Ela não acontece sem a comunhão. A sinodalidade é o aspecto visível da comunhão".

Jackson Erpen - Vatican News

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No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar hoje sobre "sinodalidade”.  

A próxima Assembleia Ordinária dos Bispos, a ser realizada em 2022, será dedicada, por desejo do Papa Francisco, à sinodalidade, que é uma pedra angular de seu Pontificado. Durante o discurso de comemoração pelos 50 anos da instituição do Sínodo dos Bispos em 2015, Francisco afirmou que "o caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio". A sinodalidade é, portanto, um passado que ainda tem muito futuro a ser descoberto para não ser confundida com algo que diz respeito apenas às reuniões de cardeais e bispos no Vaticano ou à sua versão "reduzida", às convocações nas dioceses.

A sinodalidade, segundo Francisco – como explicou ao Vatican News em março de 2020 o cardeal Lorenzo Baldisseri - quer dizer que "todos os batizados devem ser envolvidos, ser atores e não espectadores, como no teatro, todos protagonistas, cada um em seu papel". E justamente "A caminho de uma sinodalidade" é  o tema de nosso programa de hoje: padre Gerson Schmidt*:

 

“O entendimento da Igreja na perspectiva proposta pelo Concílio Vaticano II, de uma Eclesiologia de Comunhão, nos leva a buscar cada vez mais um caminho de sinodalidade. Na pastoral atual é preciso substituir o processo de comunicação vertical e unidirecional, presente por várias gerações, nas relações das comunidades, por um processo de diálogo, de comunhão ou de intercomunicação. Esse trabalho concreto para aplicar o espírito de Eclesiologia de Comunhão denomina-se por sinodalidade, ministério vivido de maneira sinodal como meio para exercitar, na prática da ação eclesial, o que se entende por comunhão.

Ela é compreendida como uma caminhada conjunta, unidade no processo de Igreja. Sinodalidade significa andar juntos por uma mesma estrada, momento de encontro, de diálogo, de assembleia com a finalidade de criar sintonia em torno de decisões a serem tomadas. Vem do conceito sínodo: de sun (junto), odos (via). Ela não acontece sem a comunhão.

A sinodalidade é o aspecto visível da comunhão. Esse “princípio de sinodalidade”, esse jeito sinodal “deve permear perpassando todas as instituições eclesiais de caráter universal ou particular” e por fim todo processo pastoral paroquial. “(...) nascem com o objetivo de favorecer a comunhão, como os sínodos e concílios universais, os sínodos diocesanos, os conselhos de toda espécie, a cúria diocesana e, por fim, a paróquia”.

A Conferência de Aparecida aponta para essa realidade e fala de um “caminho sinodal”. Os bispos Latino-americanos descrevem:

“Ao mesmo tempo, motiva-nos a eclesiologia de comunhão do Concílio Vaticano II, o caminho sinodal no pós-concílio e as Conferências Gerais anteriores do Episcopado Latino-americano e do Caribe. Não esqueçamos que como nos assegura Jesus, “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estarei no meio deles (Mt 18,20)¹”

O Documento de Aparecida também motiva para a compreensão e a prática da Eclesiologia de Comunhão que nos conduz ao diálogo ecumênico². A corresponsabilidade e a colegialidade são a face pessoal do compromisso de cada cristão para uma configuração sinodal de toda a Igreja. Para operar o princípio de sinodalidade, a paróquia deve, além da sua vida quotidiana normal empenhada em refletir o espírito de comunhão, utilizar-se dos mecanismos que lhe são próprios, especialmente dos Conselhos Pastorais.

Os Conselhos Pastorais Paroquiais são espaços privilegiados do exercício da corresponsabilidade e, bem por isso, espaço privilegiado também de sinodalidade. A participação dos leigos se faz necessária para que tudo não gire em torno do padre e haja uma verdadeira comunhão e participação, buscando-se sempre mais a unidade dos corações, característica da primeira comunidade cristã, descrita nos Atos dos Apóstolos. Lucas diz que os primeiros cristãos tinham tudo em comum e eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos Apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. As pessoas que os enxergavam de fora diziam assim: “Vede como se amam”."

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¹ Aparecida, 369.

² Aparecida, 227. 

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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17 março 2021, 08:04