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Fiéis cristãos participam da Celebração do Domingo de Páscoa na Igreja do Santo Sepulcro na Cidade Velha de Jerusalém. Fiéis cristãos participam da Celebração do Domingo de Páscoa na Igreja do Santo Sepulcro na Cidade Velha de Jerusalém. 

A proclamação da verdadeira realidade: Cristo Ressurgiu, aleluia!

"Não é grande coisa alguém livrar-se da morte por algum tempo, se pouco depois terá de morrer. O que é admirável é evitar a morte de uma vez para sempre, como aconteceu conosco por meio de Cristo, que foi imolado como nosso cordeiro pascal".

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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“«Nós vos anunciamos a Boa-Nova de que a promessa feita aos nossos pais, a cumpriu Deus para nós, seus filhos, ao ressuscitar Jesus». A ressurreição de Jesus é a verdade culminante da nossa fé em Cristo, acreditada e vivida como verdade central pela primeira comunidade cristã, transmitida como fundamental pela Tradição, estabelecida pelos documentos do Novo Testamento, pregada como parte essencial do mistério pascal, ao mesmo tempo que a cruz: «Cristo ressuscitou dos mortos. Pela Sua morte venceu a morte, e aos mortos deu a vida» (CIC 638).”

A Ressurreição de Jesus Cristo é o acontecimento culminante da Páscoa cristã, um momento de triunfo sobre a morte e de promessa de vida eterna, que não só marca o coração da fé cristã, mas também oferece uma fonte inesgotável de esperança e de renovação. "O mistério da ressurreição de Cristo é um acontecimento real, com manifestações historicamente verificadas, como atesta o Novo Testamento" (CIC 639).

Depois da série de programas dedicados ao Dia do Senhor, o Domingo, Pe. Gerson Schmidt* nos propõe hoje a reflexão: "A proclamação da verdadeira realidade: Cristo Ressurgiu, aleluia!":

 

"O subsídio de número 12 - Cadernos do Concílio – preparação ao Ano Jubilar 2025 – afirma que o Tempo Pascal é um tempo de fraterna comunhão. “A comunidade cristã primitiva, no dia seguinte da ressurreição do Senhor, reúne-se na escuta da Palavra de vida e na partilha fraterna. Jesus ressuscitado educa os apóstolos, por meio das aparições, a compreender os novos sinais de sua presença no mundo. Ele, o Vivente, deixa-se tocar e partindo o pão, se mostra como o Bom Pastor, o Caminho, a Videira. Ao unir os irmãos no amor, tornando-os um só coração e uma só alma, Ele também apoia aqueles que se encontram nas adversidades da vida”. 

Vivendo o ciclo litúrgico do Tempo Comum, a liturgia se volta aos atos costumeiros e não menos importantes da vida de Cristo. Cada acontecimento é único e irrepetível. Todos os acontecimentos de Jesus, do seu itinerário, devem ter o enfoque pascal, ou seja, de sua ressurreição dos mortos. O ciclo litúrgico não se repete, mas se atualiza com um vigor ainda maior e mais intenso, a cada ano, a cada liturgia vivenciada e celebrada em comunidade. Tal como um mesmo rio que atravessamos não há repetição ou mesmice, porque as águas antigas já se foram rio abaixo e nós não permanecemos os mesmos, tal é o ciclo pascal e o ano litúrgico, que é atualizado em nós e a na vida comunitária.

Um autor antigo, numa homilia, do ciclo bienal, no domingo In Albis (Divina Misericórdia), expõe assim: “O próprio nome da festa, se compreendermos seu verdadeiro significado, nos sugere sua peculiar excelência. Páscoa, com efeito, significa “passagem”, pois o anjo exterminador, que feria de morte os primogênitos dos egípcios, passava adiante, sem entrar nas casas dos hebreus. Todavia, em relação a nós, a passagem do exterminador é um fato, porque passou realmente sem nos tocar. A nós que, por Cristo, ressuscitamos para a vida eterna.

E o que significa, em seu sentido místico, o fato de se determinar como início do ano, o tempo em que se celebrava a Páscoa e a salvação dos primogênitos? Significa que também para nós o sacrifício da verdadeira Páscoa constitui o começo da vida eterna. Na verdade, o ano é símbolo da eternidade. Sendo a sua órbita circular, o ano gira continuamente sobre ela sem nunca parar. Mas Cristo, pai do mundo novo, oferecendo-se por nós em sacrifício, como que anulou a nossa existência anterior, proporcionando-nos, pelo batismo do novo nascimento, o começo de uma outra vida, à semelhança de sua morte e ressurreição. Por conseguinte, todo aquele que sabe ter Cristo se imolado como cordeiro pascal em seu benefício, deve aceitar como início de sua vida o momento em que Cristo se imolou por ele. Ora, tal imolação atualiza-se em cada um, quando reconhece essa graça e compreende que vida foi gerada por esse sacrifício. Quem chegou a esse conhecimento, esforce-se por aceitar o começo da vida nova, sem pretender voltar à vida antiga que foi ultrapassada. De fato, nós que já morremos para o pecado, pergunta o Apóstolo, como vamos continuar vivendo nele? (Rm 6,2)”[1].

A homilia pascal de um outro Autor antigo, no Ciclo Bienal da Segunda Leitura do Ofício das Leituras da Liturgia das Horas, na Segunda-feira da segunda semana da Páscoa, apresenta ainda o significa peculiar do sentido precioso do tempo pascal. As figuras provisórias passam, permanece o verdadeiro e definitivo. “A Páscoa que celebramos é causa de salvação para todo o gênero humano, a começar pelo primeiro homem, salvo e vivificado em cada um de nós. Mas a salvação foi preparada por diversas instituições, imperfeitas e provisórias, que eram símbolos e imagens das coisas perfeitas e eternas, para anunciarem em esboço a realidade que surge atualmente à plena luz da verdade. Contudo, uma vez que essa verdadeira realidade se tornou presente, a figura deixa de ter sentido. Quando chega o rei, ninguém irá homenagear sua estátua, deixando de lado a pessoa do próprio rei. Assim, vê-se claramente em que medida a figura é inferior à própria realidade, pois a figura representa a vida breve dos primogênitos dos judeus, ao passo que a realidade celebra a vida eterna de todos os homens. Não é grande coisa alguém livrar-se da morte por algum tempo, se pouco depois terá de morrer. O que é admirável é evitar a morte de uma vez para sempre, como aconteceu conosco por meio de Cristo, que foi imolado como nosso cordeiro pascal”[2].

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] Ciclo Bienal da Segunda Leitura do Ofício da Leituras da Liturgia das Horas, da Homilia pascal de um Autor antigo, Sermo in Pascha: PG 59,723-724, Segundo Domingo da Páscoa.
[2] Ciclo Bienal da Segunda Leitura do Ofício da Leituras da Liturgia das Horas, da Homilia pascal de um Autor antigo, Sermo in Pascha: PG 59,723-724, Segundo Domingo da Páscoa.

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26 agosto 2024, 09:00